NATAL O SIM DE DEUS

NATAL, O SIM DE DEUS

E de repente é Natal de novo! As cidades se enfeitam esperando as festas de final de ano. Parece que durante meses e meses percorremos uma enorme estrada sem enfeites, sem cores, sem luzes e sem alegria. De repente, entramos numa avenida que nos convida a ver tantas coisas lindas. No entanto, nada nos interessa, nenhuma loja nos causa a emoção que procuramos, nenhuma luz é a que pensamos e nenhuma música é o que buscamos. Eis que no final deste caminho encontramos uma manjedoura aberta que nos convida para acolher Jesus.

E não é somente Jesus que está na manjedoura, é também Maria, José e os pastores. Deus criou esta manjedoura para receber seu Filho. Poderia ser um palácio, que certamente seria o mais belo do universo, mas não o local escolhido para receber o Menino Deus. Tinha que ser algo que nos emocionasse, nos fizesse pensar na grandeza de Deus que mostra ao mundo que o importante da nossa vida está na manjedoura. Nela está o seu Filho nos recebendo numa simples manjedoura feita de fé, amor e o brilho do luar, das estrelas. Este brilho acompanhou os reis magos nesta estrada que parecia não ter fim.

 

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Folia de Reis – Capela Santo Antônio

 O SIM DE MARIA

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Natal Luz – Tesouros Especiais

Um dos textos mais belos do Evangelho de Lucas é quando o Arcanjo Gabriel vem ao encontro de Maria para saber se ela aceitará ser a mãe de Jesus:

“Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem? Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o menino que nascer de ti será chamado Filho de Deus, porque a Deus nenhuma coisa é impossível. Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo afastou-se dela.”(Lc 1, ,34- 38).

Maria ao responder que aceita ser a mãe do Salvador, mostra sua obediência a Deus. Sabe que a partir daquele momento ela foi escolhida para gerar seu Filho e que sua responsabilidade é imensa. 

Na manjedoura, visualizamos os inúmeros “sim” que Deus preparou para todos nós. O convite nos chega no Advento e podemos ficar felizes por termos sido convidados a participar deste Natal. E esta comemoração todos os anos nos leva à emoção e ao amor do Senhor pelos seus filhos.  

Somos convidados a entrar neste local simples e pensar o quanto ele é maravilhoso para todos os cristãos. Entendemos, como os pastores entenderam, que a lua e as estrelas prepararam no céu um espetáculo para a humanidade. Com este milagre, contaram para o mundo como foi ter recebido o Deus Menino no inverno, que foi aquecido pelos animais e a fé dos homens que lá correram para saudá-lo.


O SIM DE TODOS OS HOMENS

Muitos disseram sim como Maria, entre eles, papas, santos, cristãos do mundo inteiro, como o Papa Leão Magno (440-461) que é o autor da famosa frase: “Natal: hoje Ele nasceu”. É dele também uma série de belíssimos sermões de encantamento sobre o mistério da encarnação de Deus.

A piedade é uma das causas que leva o homem a dizer “sim” no Natal para Deus. Chegamos neste caminho da manjedoura para que a comunidade pudesse viver sua fé e realizar o Natal de forma magnífica. Revivemos este acontecimento nos folclores religiosos e nas celebrações litúrgicas onde entram os símbolos e a grande criatividade das comunidades. Tudo isso, sem contar as danças, as lindas encenações, os cantos emotivos, os presépios em todos os países. Nestes rituais, todos celebram o Menino Jesus e o encontram na manjedoura coberta de neve ou no céu tropical de muitos países.

A espiritualidade mostra a entrada de Jesus na história humana, como um chamado para a libertação e a transformação. A encarnação do Verbo nos coloca numa elevada dimensão espiritual. Deus coloca seu filho na terra para mostrar aos homens sua natureza divina.

Todas as raças, credos e classes se juntam para respirar a vida humana dos ideais da vida divina de Jesus Cristo. A humanidade partilha a mesma história, a história mais bela do mundo. Sim, o Natal não é um simples aniversário. É o renascer de Deus na sua presença em nossas vidas.

Neste Advento e na festa de Natal, recordamos que Deus nos apresentou o Menino Jesus. Seu nascimento se apresenta como a nova luz que traz a alegria dos povos. É o Filho de Deus, que é filho de Maria.

 

SIM, UMA HISTÓRIA SEM FIM

Sempre a comunidade cristã celebrou o nascimento de Jesus, a entrada de Deus no mundo. De forma solene, a festa de Natal surge em Roma no século IV.

A data escolhida foi o dia 25 de dezembro. A mesma festa também acontecia na África, segundo nos informa Santo Agostinho. Sua tradição se espalha pela região da Itália e Espanha.

Comemora-se em seguida, o Natal como festa comum em toda Europa e no Oriente cristão. A data do Natal é simbólica. De fato, existia uma festa pagã chamada “natalis solis invicti”.

Esta era uma festa de culto ao deus sol, que acontecia no solstício de inverno com grande solenidade.

Com o cuidado de afastar os novos cristãos destes cultos pagãos, a Igreja mostra aos fieis que o “verdadeiro sol” era o Filho de Deus Filho.

 

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Natal Luz – Catequese

Esta solenidade manifesta a simbologia do Cristo como sol invicto e vitorioso.

Ele é sinal de muita alegria para a raça humana, que entende que Ele é a iluminação do universo.

Assim, a Igreja resolveu fixar a Festa de Natal, para mostrar a imagem de Jesus Cristo: Deus conosco e humano com a humanidade.

Jesus aparece no dia mais curto do ano no hemisfério norte, como “sol invicto”, representando para todo o povo cristão que ele sai das trevas para a luz.

De fato, no calendário, os dias vão se tornando cada vez maiores, comparando a simbologia entre a luz e as trevas.

Deus Menino começa a trajetória da sua vida, crescendo cada vez mais.

UM MINUTO DE SILÊNCIO NO MUNDO

Deus “envolto em panos” (Lc 2,12), é o presente que a humanidade ganhou, vestido de simplicidade, repleto de humildade, sem orgulho e sem prepotência. Um Deus sem ouro e sem adornos, renegando o que o dinheiro pode comprar. Um Deus que vem revelar a sua bondade, a sua delicadeza e o seu amor pela humanidade. Ele se apresenta como um menino frágil, nascido na manjedoura, mas nos faz sentir o seu poder espirtual. O mundo parou quando ele nasceu. Ninguém notou que tudo paralisou.

Foi um momento tipo “silêncio por um minuto”, em que na fria noite, o Senhor se apresentou ao mundo. Todos entenderam que Ele era o Filho de Deus que chegava. Era hora de mostrar que o pequeno menino, nascido de Maria, tendo José como pai protetor, era Luz divina. Os pastores são os primeiros a visitá-Lo. Eles se encantam. Os demais esperavam um guerreiro, que nasceria num palácio. Que ledo engano! O Senhor sabe que veio para estes humildes que o esperavam. Alguns reis, como os magos, vieram do Oriente, seguindo a luz da estrela e o encontraram. Sim, Deus sabe exatamente qual é o alcance de seu amor para a humanidade. Ele mostra o Menino Deus para os humildes.

Deus vai se manifestando para a humanidade. Jesus Cristo, Deus no mundo, mostra sua face bondosa e justiceira. Ele ensina sobre o seu Reino e mostra que todos os povos são irmãos, que todos são filhos adotivos de Deus. Bem sabemos que muitos não o aceitaram e não o aceitarão, mas Ele ofereceu a paz a todos os homens. Tantos serão chamados, mas poucos serão escolhidos”. Nem todos acolhem o convite de Jesus.

A encarnação e o nascimento de Cristo tem caráter universal e traz o mistério da redenção, que se encontra presente no mistério do Natal. O Advento e o Natal marcam historicamente a origem da ação salvífica de Deus. Pela nossa fé cremos que a ação redentora torna divina tudo que é humano.

Deus faz com que os seres humanos entrem em comunhão, interação e integração de seus dons, quer temporais, quer espirituais. Deus oferta sua vida gratuitamente. São bens para toda a humanidade, que são partilhados, convividos e multiplicados. Devemos entender que estes bens são matéria prima da construção do Reino de Deus. Deus os coloca em nossas mãos.

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Capa do Jornal Paroquial

Deus faz com que possamos compreender que esta encarnação do Menino Deus tem dimensão cósmica. Pois toda a natureza participa e se alegra, redime os homens, faz nascer a harmonia da criação. O grande mistério do Natal é que o próprio Deus vem ao mundo para redimir tudo que é obra de suas mãos. Se, Deus está vivo entre nós, é porque tudo é vida. O Menino Deus é a vida!

 




Pe. Antônio S. Bogaz – Prof. João H. Hansen

Autores do romance: A PRAÇA DA DÁDIVA. Fonte:2017 

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MENSAGEM DIVINA DO NATAL

A Igreja tem sua tradição litúrgica para comemorar a celebração do Natal. Os sacerdotes e a comunidade celebram de três missas, com toda solenidade:

a) Missa do galo (missa in nocte)

b) Missa da aurora (missa in aurora)

c) Missa do dia (missa in die)

“Segundo a mística medieval a “tríplice geração” do Senhor, está na geração do Filho de natureza divina, a fecundidade materna pela ação do Espírito Santo e a geração espiritual de Deus na vida humana.

Vemos a mensagem das três celebrações:

A primeira missa, a da “meia noite”, tem como direcionamento a narrativa do nascimento do Menino Deus em Belém (Lc 2, 1-14), que termina com o belíssimo hino “Gloria in excelcis Deo”.

A segunda missa, a da “aurora” tem como ponto central a visita dos pastores ao Menino Deus, onde há uma grande alegria e reverência.

A terceira missa “Dia de Natal”, cujo tema centralizado é o prólogo de João, reforça a profundidade deste mistério, que é a presença do Verbo de Deus na história humana. O Verbo, o Emanuel-Deus encarnado é apresentado como a luz do mundo, que ilumina todo aquele que crê e busca a sua face.

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