MEU POVO, REZAR SEM CESSAR

MEU POVO, REZAI SEM CESSAR

A BELEZA DA LITURGIA DAS HORAS


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Desde os primeiros séculos, a liturgia das Horas é a oração privilegiada dos monges, religiosas e do clero; mas sempre se aspirou que os leigos a rezassem em seus lares e nas comunidades.

O Ofício Divino que era endereçado aos clérigos, como obrigatoriedade por seu próprio ofício e ao mesmo tempo aos leigos para que rezassem a Deus, tornou-se a partir do Vaticano II, a Liturgia das Horas. É a oração pública e comunitária oficial da Igreja Católica.

A palavra ofício vem  do latim “opus” que tem como significado “obra”. Diariamente, ao dedicarmos alguns momentos na nossa vida atribulada e rezarmos, acabamos participando de uma ação litúrgica da Igreja.

Esta prece nos remete para os mistérios da salvação, pois seu direcionamento é santificar as diversas horas do dia. A Liturgia das Horas consiste fundamentalmente na oração quotidiana durante alguns minutos do dia, seja através de Salmos e cânticos, leituras de passagens bíblicas e preces para Deus.

Com essas orações diárias, a Igreja procura atender ao pedido que recebeu de Jesus Cristo, de orar sempre, louvando a Deus Pai e pedindo sua interferência para auxiliar os homens em sua vida.

Mais ainda, esta oração nos une a Deus, além de agradecermos por tudo o que Ele nos proporciona nesta vida. Na realidade, é um louvar a Deus várias vezes ao dia, lembrando que toda esta magnífica Obra é de sua autoria. Louvar sem cessar, no pensamento, nas preces e no coração.

 

PARA O POVO, ORAÇÃO BREVE: BREVIÁRIO

O nome Breviário foi idealizado no século XI, quando apareceu este livro que continha todas as orações e textos que eram necessários para o Ofício Divino. Este livro sagrado é chamado hoje de Liturgia das Horas. Teve várias versões e várias formatações, mas antigamente se  editava num único volume. Antes dos livros compressos modernos, tínhamos os livros grandes, encadernados e copiados por monges e todos textos eram originalmente em diversos livros ou tomos. Por ser, evidentemente mais fácil de manuseio, exatamente breve e prático, passou a ser conhecido como breviário, que se manteve até a última reforma litúrgica, chamado em latim de Breviarium Romanum.

Orai sem cessar, em todas as circunstâncias, dai graças porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo (1Ts 5,17-18). Todo cristão é chamado a rezar pois a oração nos une a Deus e nos fortalece.

” Os grupos de leigos, onde quer que se encontrem reunidos, seja qual for o motivo destas reuniões — oração, apostolado ou outro motivo — são igualmente convidados a desempenhar esta função da Igreja, celebrando alguma parte da Liturgia das Horas. Importa, de fato, que aprendam acima de tudo a adorar a Deus Pai em espírito e verdade na ação litúrgica, e se lembrem que, através do culto público e da oração, eles podem atingir todos os homens e contribuir muito para a salvação do mundo inteiro. Convém, finalmente, que a família, qual santuário doméstico da Igreja, não se contente com a oração feita em comum, mas, dentro das suas possibilidades, procure inserir-se mais intimamente na Igreja, com a recitação de alguma parte da Liturgia das Horas (Instrução Geral à Liturgia das Horas, n. 27)

Os cristãos têm uma riqueza enorme de modelos de oração, como o rosário, as devoções, os benditos, os textos bíblicos. A Liturgia das horas procura aglomerar todos estes bens espirituais, tornando-se meios mais valiosos para nossa oração.  Por certo, os sacramentos são nossas pérolas mais preciosas como caminho da graça, mas os outros meios são apreciados pela Igreja e servem para nos aproximar de Deus e rezar sem cessar.


UM POUCO DA HISTÓRIA DESTE LIVRO SAGRADO

Rezar a Liturgia das Horas pode-se considerar como um costume iniciado no judaísmo no qual tem sua origem. Vejamos, como fonte de inspiração:

 “Pedro e João iam subindo ao tempo para rezar a hora nona…” (At.3,1).

Os judeus na época de Jesus, como vemos na frase acima, referente aos dois apóstolos, tinham uma oração pública composta de salmos e de leituras do Antigo Testamento.

Os cristãos deram continuação a esse costume, baseado nos mesmos modelos, dando-lhes, evidentemente um sentido cristão, juntando as leituras dos evangelhos e das Espístolas.

Nos Evangelhos, Jesus aparece frequentemente em oração e diz para seus dicípulos  que “orem sem cessar”.

Os primeiros cristão obedeceram cegamente a Jesus e oravam como elemento essencial da vida cristã. Nos Atos dos Apóstolos, encontramos referência às orações.

O que os cristãos faziam era cumprir os ensinamentos de Jesus Cristo, de forma que praticavam a religião como entendiam ser correto, principalmente nesta forma de orar. 

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Cada vez mais distanciados dos judeus, os cristãos desenvolveram sua forma própria de rezar. Os séculos foram passando, e os Padres da Igreja foram colocando a necessidade dos cristãos de  praticar a oração centrada em dois períodos do dia: manhã e tarde. Os cristãos eram convidados a participar nesta oração comunitária, mas não era considerado uma obrigação, apenas aos poucos acabou sendo recomendada, pelo menos individualmente.

A Liturgia das Horas nos permite cantar louvores a Deus Pai para a salvação dos homens. O Mistério de Jesus Cristo, principalmente no sentido da sua Encarnação e da sua Páscoa através das Celebrações da Missa pelo povo católico,transforma o tempo de cada dia pela celebração das horas, como, se estivéssemos o tempo todo louvando o Senhor. A Liturgia das Horas acaba se constituindo como a oração pública da Igreja, onde os padres, religiosos e leigos exercem cada um o seu caminho de cristão batizado que na sua fé em Deus Pai e Deus Filho, ora continuamente por Ele.

 

DURAÇÃO DA LITURGIA DAS HORAS  


A oração deve ser feita de três em três horas. Esta é uma forma de vivermos a nossa espiritualidade, quer dizer, a cada período se encontrando para estar em comunhão com Deus na oração.

Entendemos que ao longo do dia, o leigo possa fazê-la através de pequenas orações, uma vez que no mundo moderno o homem não pode cumprir religiosamente este preceito, ou então fazer somente a primeira e a última do dia.

Vamos recordar as  quatro prncipais orações das Horas, que são apresentadas pela Igreja:

Em primeiro lugar, no ama nhecer, temos as Laudes, que se rezaria no despertar do sol, na alvorada. Em tempos modernos, com marcação de horas, normalmente se reza por volta das 06h00. É a primeira saudação ao Criador de todas maravilhas, em nome de Cristo;

Em segundo momento, temos a  Hora média, que está no  coração do dia e é mais simples. Se reza por volta das 12h00, mas também contempla uma oração às )9 e outra às 15 horas. 

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No entardecer, rezamos as Vésperas, que é uma oração  para unir-se a Deus no final do dia, como forma de agradecimento por toda a jornada.  Se reza  por volta das 18h00, quando se completa o dia. Seu horário profundo é o entardecer, como finalização das fainas diárias;

Finalmente, as Completas,  que são rezadas antes de dormir, para se preparara para um sono sereno e tranquilo, sentindo que Deus nos protege enquanto dormimos. Além destas quatro principais orações, como vimos,  existem, também, a oração das nove, das quinze horas e o ofício das leituras.

Vejamos sua explicação no Documento da Igreja: Os participantes da Liturgia das Horas hão de haurir, sem dúvida, copiossíssima santificação, por meio da salutar palavra de Deus, que tanta importância tem nelas. As leituras são tiradas da Sagrada Escritura. ( Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas – parágrafo 14).

Esta apresentação nos mostra a grandeza desta oração das Horas no enriquecimento da vida cristã, para sustentar a fé e cultivar a espiritualidade.



CONTEMPLAR SEM CESSAR OS MISTÉRIOS

A finalidade da Liturgia das Horas, que é muito rica, pois contempla os mistérios de Cristo de maneira muito intensa. A Laudes, por sua vez, nos dá a sensação de uma comunhão com Deus logo ao amanhecer, onde oferecemos a Ele todo o  nosso trabalho. Normalmente entre os religiosos reza-se o Benedictus. O que se pretende com a Laudes é santificar o período da manhã e nosso trabalho que se inicia.

Assim como nos alimentamos fisicamente durante o dia, para nosso corpo estar bem, devemos também nos alimentar espiritualmente para que nosso coração e nossa religiosidade esteja em sintonia com Deus. Desta maneira devemos ter várais refeições espirituais durante o dia, conhecida como Liturgia das Horas, que tráz grande contribuição pessoal para o desenvolvimento da nossa fé, através da presença de Deus e da vida comunitária da Igreja.

Cristo nos ensinou que “é preciso orar sempre e nunca desistir” (Lc 18,1). De modo particular e individual podemos chegar mais próximo de Deus orando através da Liturgia das Horas, conforme as possibilidades de cada um.

A prática da Liturgia das Horas está presente na tradição judaica e tornou-se uma herança para os primeiros cristãos. No século III, com o desenvolvimento do o monaquismo, cuja palavra vem do vem do grego moncos que significa aquele que está só e acaba designando uma nova forma de vida cristã, cujo sentido é ser  consagrado a Deus no retiro, no silêncio, na oração, na penitência e no trabalho. A própria palavra monge significa “solitário”. O Monge é aquele que quer ser salvo, levando uma vida de orações e voltado excluisvamente para Deus e de acordo como o Evangelho.

Foram os monges que ensinaram a comunidade cristã a rezar. Eles desenvolveram uma prática litúrgica de uma forma tão bela e eloquente que progressivamente foi acolhida pela Igreja na sua forma e que de certa maneira se mantém até os dias atuais.

Os monges também criaram uma tradição de oração pessoal e de contemplação incansável. Também nos ensinaram a compreender e elaborar cada um a sua oração como um meio de viver a vida cristã. Nos ensinaram, entre tantas coisas, que a nossa participação na Eucaristia, junto com o Pai, o Filho e o Espírito Santo é maior do que podemos imaginar.  Juntamente com as orações e a Eucaristia, o sentido de nossa vida no Reino de Deus é nosso passe livre para chegarmos, após a morte, na presença de Deus.

Na Idade Média, como o povo cristão não conhecia as letras, iniciaram as orações do Rosário e do Angelus, como forma do povo mais simples acompanhar os monges naqueles momentos dedicados à prece nos seus mosteiros. Em nossos tempos, onde o povo cristão conhece os livros e que se tornaram mais comuns as impressões dos textos, todos são convidados a rezar a Liturgia das Horas. 

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AS LEITURAS DA LITURGIA DAS HORAS

Celebrar a Liturgia das Horas é envolver-se, não somente, com as orações que encontramos nela,  “harmonizando a voz com o coração que reza” (CIC §1176), mas por adquirirmos um conhecimento bem amplo de caráter litúrgico ou bíblico, como encontramos nos Salmos. Na Liturgia das Horas encontramos também os hinos e as ladainhas, que entremeam a oração dos salmos no tempo da Igreja. Desta maneira encontramos todo o simbolismo do dia a dia que acontece no tempo litúrgico ou nas festas celebradas.

Não podemos esquecer que as leituras da Palavra de Deus, além das leituras dos Padres da Igreja e dos mestres espirituais que sempre estiveram nos livros da Mãe Igreja, acabam mostrando de uma forma ainda mais profunda o sentido do mistério celebrado, pois tudo o que lemos na Liturgia das Horas vai nos levar para a celebração da missa e evidentemente da Páscoa de Cristo. A  adoração e o culto ao Santíssimo Sacramento não se encontra na Liturgia das Horas, mas se complementa com todas as devoções do Povo de Deus.

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“A Liturgia das Horas é destinada a tornar-se a oração de todo o povo de Deus. Nela, o próprio Cristo “continua a exercer sua função sacerdotal por meio de sua Igreja”; cada um participa dela segundo seu lugar próprio na Igreja e segundo as circunstâncias de sua vida: os presbíteros, enquanto dedicados ao ministério da palavra; os religiosos e as religiosas, pelo carisma de sua vida consagrada; todos os fiéis, segundo suas possibilidades”

Temos, na exortação da Igreja, a insistência e a motivação para que os fiéis também rezem a Liturgia das Horas, conforme lhes for possível, superando a mentalidade errônea que esta oração é direcionada somente ao clero e aos consagrados na vida religiosa. é o que aprendemos:

 “Os pastores de almas cuidarão que as horas principais, especialmente as vésperas, nos domingos e dias festivos mais solenes, sejam celebradas comunitariamente na Igreja”. Recomenda-se que os próprios leigos recitem o Ofício divino, ou juntamente com os presbíteros, ou reunidos entre si, e até cada um individualmente” (CIC, §1175).

Que os cristãos sempre encontrem forças para viver a fé e o amor de Deus em suas vidas. As orações das Horas nos ajudam a estar sempre vinculados espiritualmente a Deus, na sua graça e no seu amor. É como uma fonte de graças para onde sempre voltamos e encontramos forças e graças para estarmos no coração de Deus e Deus estar em nosso coração. 


ORAÇÃO DO CLERO E DOS FIÉIS

A Liturgia das Horas pode ser presidida pelos fiéis quando não tiver um ministro para fazê-lo. Para a celebração comunitária, dentro do âmbito da Igreja, pode ser um diácono ou o próprio padre. Nos mosteiros o superior pode rezá-la.

O que se deve entender é que para o fiel não se trata de uma obrigação, no entanto para os ministros ordenados (diáconos, presbíteros, bispos, arcebispos, cardeais e até o Papa) trata-se de uma obrigação celebrar a Liturgia das Horas (Ofício Divino).  Assim todos os ministros ordenados  têm como obrigação fazer a oração da Laudes, Hora Média, Vésperas e Completas, diariamente. É interessante lembrar que no século V dC, São Bento estruturou o Ofício Divino em 8 períodos, sendo um no meio da noite, mas somente para os monges.

O preceito de S. Bento acabou se tornando um dos intrumentos mais importantes na constituição da cultura ocidental.

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Pe. Antônio Sagrado Bogaz

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Pe. Aparecido do Nascimento

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Diácono Délio Evangelista 

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Fiéis da Paróquia N.Sra. Saúde 

A Liturgia das Horas, tal como as demais ações litúrgicas, não é ação privada, mas pertence a todo o corpo da Igreja, manifesta-o e afeta. O caráter eclesial da celebração aparece-nos com toda a sua clareza – e, por isso mesmo, é sumamente recomendável – quando realizada, com a presença do próprio Bispo rodeado dos seus presbíteros e restantes ministros, por uma Igreja particular, «na qual está presente e operante a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica». Esta celebração, quando levada a efeito, mesmo sem a presença do Bispo, por um cabido de cônegos ou por outros presbíteros, far-se-á sempre atendendo à verdade das Horas e, tanto quanto possível, com a participação do povo (IGLH, n 20).

Importa, mais que tudo que os fiéis se encontrem e rezem os Salmos, os hinos e partilhem as orações e as leitura deste maravilhoso caminho de Oração da Igreja. Hoje conhecemos muitas comunidades que se levantam cedo e rezam as Laudes antes de seguirem aos seus trabalhos, senam nas paróquias urbanas, como nas comunidades rurais. Como é mais bonita e mais abençoada uma jornada que se inicia com a oração dos Salmos e  todos seus textos sagrados.

 

Prof. João H. Hansen – Pe. Antônio S. Bogaz – Pe.Rodinei C. Thomazella

Família Orionita