CELEBRAR DOR E ALEGRIA NOSSA CRUZ DIANTE DE JESUS

CELEBRAR DOR E ALEGRIA

NOSSA CRUZ DIANTE DE JESUS


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Encenação Semana Santa – Paróquia Nossa Senhora da Saúde – 2011

 

Quando celebramos as cores em nossa vida litúrgica, a primeira imagem que vemos é a da cruz. Impossível pensar em dor maior do que o sofrimento de Cristo. Em seguida vemos Maria aos pés da cruz. Mãe do Filho de Deus  sofre intensamente, numa dor que vai direta ao coração. O fato é que na devoção popular o significado da cruz é muito grande.

Nos espaços públicos, hospitais, igrejas, tribunais, escolas, clubes e outros ambientes onde existe um sentido maior de espiritualidade, a cruz se faz presente. Também vemos a cruz fazer parte de decorações e não raro, tatuagens pelo corpo. Muitas vezes, neste imaginário popular acabou-se registrando uma visão ambígua do sentido. Mas a realidade é que entrou mesmo na grande galeria de símbolos, talvez um dos maiores criados pelos cristãos, apesar de ter surgido como elemento importante somente algum tempo depois; quando a Igreja já tinha uma riqueza de símbolos, este veio agregar o cerne da religião.

Na época de Jesus Cristo, a cruz era para punir os bandidos, assassinos, ladrões, malfeitores e traidores que eram condenados à morte. Mas foi na crucifixão de Jesus que se desenvolveu todo o histórico da cruz, transformando-a pelos doutores da lei numa teologia da cruz.

 

ADORAR A CRUZ, VENERAR NOSSA SENHORA DAS DORES

A cruz é o símbolo do sacrifício de Jesus pela humanidade, de sua doação plena e, por isso, se torna a força dos cristãos (1Cor 1,17).

Existe uma tradição, bastante interessante, dando início a adoração da cruz. A rainha Helena que era a mãe de Constantino, o imperador que se converteu ao cristianismo e oficializou a religião cristã em 313, no Império Romano, descobriu uma cruz no ano de 320, que passou a ser atribuída a Jesus Cristo. Esta cruz, foi colocada para  a adoração dos fiéis. Segundo consta, o encontro da cruz aconteceu no dia 14 de setembro, que oficializou nesta data a festa da exaltação da Santa Cruz.

A festa tem como tema o sofrimento, a dor e a morte do Senhor na cruz. Entendemos isso como, também, a redenção dos homens através desta doação por Cristo, que aceita ser crucificado para salvar a humanidade. O seu martírio vai nos dar toda esta direção. Vemos que a simbologia da cruz enaltece, mais uma vez, o sacrifício de Cristo. A partir desta data iniciou-se oficialmente a adoração da cruz.

 

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Cantata da Cruz – Paróquia Nossa Senhora da Saúde – 2016

 

A DOR E A REDENÇÃO NA BÍBLIA

Temos no Antigo e no Novo Testamento a antítese entre a morte e a vida. A morte, no sentido da cruz, e a vida no sentido da salvação, que acaba fundindo-se na cruz (Jo 3,13-17). Com a elevação da serpente de bronze de Moisés, símbolo de morte, acaba sendo o sentido da salvação para aqueles que possam contemplá-la (Nm 21,8). Vemos da mesma maneira a cruz, como lugar onde Cristo tem seu sacrifício e morte, símbolo da redenção do Salvador.

Nesta dicotomia entre a vida e a morte, Cristo é aquele que aceitou a condição humana, para morrer na cruz e por isso se entregou à morte mesmo sendo filho de Deus.

 

A MÍSTICA DA DOR NAS CELEBRAÇÕES

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Encenação da Paixão de Cristo – Paróquia Nossa Senhora da Saúde – 2013

Há uma preocupação em ver um novo horizonte, no sentido da doação e martírio de Jesus na cruz. Vemos que isso não pode ser analisado como uma expiação, como se Deus Pai quisesse a morte de Deus Filho. A morte de Jesus Cristo pode ser avaliada como uma consequência de sua doação e como parte de sua missão para libertar seu povo. Desta maneira, Cristo surge como um modelo inspirador dos mártires da Igreja, que através de Cristo, outros mártires surgirão em seu nome.

Olhemos para a celebração de Nossa Senhora das Dores tem sua celebração ( 15 de dezembro). É uma celebração devocional e foi instituída pelo Papa Pio VII no ano de 1814. Esta celebração tem por mérito reviver o mistério da paixão de Jesus e reverenciar a sempre presença de Maria na vida de Jesus, que se  une ao Filho na hora de seu sofrimento (Jo 19, 25-27).

É também conhecida como “as sete dores de Maria”, lembrando a profecia de Simeão, a fuga para o Egito, a perda do menino no templo,  o encontro com Jesus no Calvário, a presença de Maria aos pés da cruz, Jesus morto nos braços de Maria e a presença de Maria no sepultamento de Jesus.

A presença de Nossa Senhora das Dores é extraordinariamente respeitada pelos cristãos, principalmente na liturgia barroca, pois os cristãos se sentem solidários com suas dores. Temos uma afinidade com a figura de Nossa Senhora das Dores nos momentos de tristeza e muito sofrimento, sobretudo nas tragédias e nas doenças.

 

NOSSAS DORES NO CORAÇÃO DE MARIA

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Encenação Sexta Feira Santa – Paróquia Saúde – 2016 

A presença de Maria em nossas vidas, assim como Cristo, é sentida pelos cristãos como um alento para as nossas dores, não somente físicas, mas também espirituais. Podemos até entender que houve um crescimento muito grande das populações no mundo.

Com isso, o que antigamente era pequeno, hoje temos tragédias umas seguidas das outras, e cada uma é um verdadeiro drama que se desenrola em qualquer região e qualquer país. Desde os aspectos naturais, como vendaval, tempestade, tornado, vulcões, chuva, neve, secas e tantos outros dissabores que de vez atinge lugares em que as pessoas perdem suas casas, morrem soterradas ou de formas ainda piores, somente na religião e em Cristo e Maria, nos sentimos apoiados.

Temos através do sofrimento de Jesus e Maria, exemplos para seguir diante de nossas jornadas, independente da tragédia que somos vítimas. A vida nos apresente a cada hora em circunstâncias, nunca dantes imaginadas, como um ato de terrorismo ou de um psicopata que atira em pessoas simplesmente pelo gesto de matar.

 

Nessas horas em que a comoção nacional ou internacional diante de fatos inesperados se solidariza com seu próximo, sentimos em Cristo o abraço amigo e confortador e em Maria, a mãe de cada um que vem proteger e amar.

Fazemos de nossas vidas o que recebemos de exemplos e dentro deles, se encontra Maria, mãe do próprio Filho de Deus que através da dor de ver seu filho na cruz, nos ensina a lidar com os problemas de nossos filhos. Cristo nos ensina que a doença, a morte e tudo o que nos ronda, há sua misericórdia e seu amparo, e para isso nos mostrou a ressurreição, a certeza de que a vida não acaba aqui.

 

JESUS PRESENTE EM NOSSAS DORES

No sentido espiritual, a dor se torna um benefício, em Tiago entendemos: “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança” (Tiago 1, 2-3). Tiago nos ensina que temos condições de suportar as provações dolorosas, para que possamos ter mais resistência e aprendermos a ter o caráter que Cristo espera de nós. Isto deve-se  destinar à dor mental, espiritual é física.

João nos fala: “Em verdade, em verdade Eu vos afirmo que chorarão e se lamentarão, enquanto o mundo se alegrará. Vós vos entristecereis, porém a vossa tristeza se transformará em grande alegria. A mulher que está dando à luz sofre dores e tem medo, porque chegou a sua hora; mas, quando o bebê nasce, ela já não mais se lembra da angústia, por causa da alegria de ter vindo ao mundo seu filho. Também vós agora estais tristes e apreensivos; este é um momento de sofrimento, mas Eu vos verei de novo, e então muito vos alegrareis; e mais, ninguém tirará a vossa alegria (Jo 16,21).

Entendemos o sentido de João, com as dores de um parto, é um momento difícil, de muita dor, mas a felicidade de um filho é maior do que a dor. Entendemos que nossas dores são grandes e também difíceis como a de um parto, mas podemos passar por elas e vislumbrar uma dádiva após passarmos pelo sofrimento.

 

 

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Imagens do Filme “São Longuinho, o santo das coisas perdidas”

 
 
 
 

Pe. Antônio S. Bogaz – Prof. João H. Hansen

diretores do filme: FREI GALVÃO, O BANDEIRANTE DE CRISTO


PBJH