CALVARIO E TUMULO VAZIO DOR E VITORIA DOS HOMENS E DA NATUREZA

CALVÁRIO E TUMULO VAZIO

DOR E VITÓRIA DOS HOMENS E DA NATUREZA

default_451

Os ensinamentos de Jesus Cristo são tão fascinantes e atuais que ficamos admirados que, após dois milênios, eles continuam direcionando o comportamento dos homens. Naquela época, vivendo em contato com a natureza e observando a importância de tudo o que nos cerca, Cristo já nos prepara para preservar este maravilhoso mundo. Seus exemplos, através dos evangelhos, nos mostra claramente sua preocupação com o nosso momento atual, onde precisamos conservar a beleza da natureza para nossa vida. Celebramos a vida, impedindo a destruição pelos homens do conjunto de ecossistemas que constitui os biomas. Nosso país possui seis biomas principais, uma riqueza que foi dada por Deus para todos os homens que aqui habitam. Celebrando a Campanha da Fraternidade, entendemos a importância destes sistemas naturais, para a preservação da vida de todos os povos e de todos grupos humanos que habitam estes paraísos naturais.


CALVÁRIO DA NATUREZA

Somos convidados a celebrar a vida, a vida plena. A plenitude da vida se concretiza na unidade entre a natureza e os seres humanos, com interação perfeita e respeito profundo. Assim, celebramos a Semana Santa, refletindo e rezando sobre os caminhos de Cristo e nossos caminhos. Recordamos a natureza dos tempos antigos, as oliveiras, os trigais, as figueiras e os desertos, e pensamos em nossos campos e florestas atuais. Essa é a unidade entre a Campanha da Fraternidade e o mistério da paixão de Cristo.

Falamos de biomas naturais. A palavra bioma, utilizada na campanha da Fraternidade neste ano, explica “que o bioma quer dizer a vida que se manifesta em conjunto semelhante de vegetação, água, superfície e animais. Uma paisagem que mostra a unidade entre os diversos elementos da natureza”.

Sob o prisma religioso, bioma pode ser traduzido simplesmente como a Natureza que Deus criou para o homem, para que ele possa ter uma vida digna utilizando a água – que é o grande sinal da existência humana – a vegetação, os animais e a superfície para que os homens possam plantar e colher, atendendo às suas necessidades básicas. Encontramos seu significado na parábola das sementes:

«O Reino do Céu é como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo. Embora ela seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica maior do que as outras plantas. E se torna uma árvore, de modo que os pássaros do céu vêm e fazem ninhos em seus ramos». (Mt 12, 24-30)

Este é um símbolo litúrgico, da vida que é gerada no silêncio de uma semente que se fecunda, como a vida que brota do túmulo de pedra. Nesta parábola, Cristo nos mostra a importância de uma semente.

Ele nos diz que o grão de mostarda é a menor de todas as sementes, no entanto depois que cresce, ela se transforma em uma esplendorosa árvore que pode abrigar ninhos em seus ramos e os passarinhos possam ter um lugar para dar continuidade às suas espécies. Este mistério da natureza simboliza o mistério da fé, onde de uma sementinha divina plantada no coração do homem nasce a vida para sempre. Citamos um destes biomas:

Pensamos na Amazônia com sua riqueza enorme, onde Deus distribuiu rios, plantas, animais numa área de sete milhões de quilômetros quadrados, sendo um pouco mais de cinco milhões somente no Brasil. A Amazônia, equivale a mais da metade das florestas tropicais restantes no planeta e absorve a maior biodiversidade em uma floresta tropical no mundo. É considerada a maior dos seis grandes biomas brasileiros.



ag sp 3
MSF 14

ENSINAMENTOS CRISTÃOS

PD 4
1.Missa Dia do meio Ambiente_09.06.13

Apesar de Cristo colocar a necessidade de cuidar da terra, das plantas, rios em seus evangelhos, o homem ambicioso acaba roubando da natureza milhões de toneladas de árvores, ateando fogo na mata, poluindo seus rios de todas as formas. Basta olharmos com imenso desgosto para a maior cidade do Brasil, São Paulo, com o Rio Tietê que atravessa a cidade e é o mais poluído da nação. Ironia, que nasce limpo, vira algumas represas pelo caminho, mas quando chega à cidade está transformado em um esgoto a céu aberto.

Faz com que o homem chore o abandono que as obras de Deus se encontram. Em vez de serem cuidadas pelo seu povo, são maltratadas. O rio, a floresta e seus habitantes. Afinal o Reino de Deus é aqui; nossa tristeza maior é ver o descuido que o próprio homem tem para as obras divinas.

Atravessamos a quaresma e certamente nunca veremos um grupo de políticos se penitenciarem de suas obras mal feitas, do descuido dos rios, da falta de hospitais, medicamentos, saneamento básico, segurança e de inúmeras necessidades que a

população necessita. É o Judas sem redenção, sem perdão pois não tem arrependimento. São personagens da paixão. E vemos a destruição da vida e choramos como no tempo de Cristo. Parece que os homens que ocupam posições públicas no nosso país esquecem-se dos pobres que tanto o Salvador se dirigia a eles “bem aventurados os que sofrem porque é deles o Reino dos Céus”.

Dois mil anos se passaram e os problemas permanecem os mesmos, com jeito diferente. O caminho certo Deus mostrou através de seu Filho, mas porque o homem não caminha na estrada correta? Por que aonde vai, destrói as obras de Deus, não acolhe seu irmão ferido na estrada e muito menos o leva para um hospital para se cuidar? Cristo curava os que vinham ao seu encontro, mas os nossos dirigentes, que deveriam construir hospitais, acolhê-los, como foram ensinados pelo Filho de Deus, apenas coletam impostos.

Jesus ainda continua se debatendo com Pilatos, com Herodes e com os poderosos dos templos e dos palácios. Ainda esperamos por uma vitória definitiva. O túmulo ainda não está vazio.



SEMANA SANTA: REFLETIR E REZAR

A Semana Santa revive toda a trajetória de Nosso Senhor e continuamos a percorrer sempre no mesmo itinerário do sacrifício de Jesus Cristo. Vejamos o sentido da hermenêutica aplicado ao mundo quando Filho de Deus viveu e o momento em que Cristo hoje nos vê. A luta continua incansável.

Começa o ciclo, onde o julgamento de Jesus é mais uma artimanha dos sacerdotes do templo, preocupados com a chegada de um profeta que não acreditavam ser o Messias que fora prometido por Deus. Eles não estavam preparados para isso, suas vidas nababescas, cheias de luxo, acabariam. Queriam um Messias guerreiro e não um Cristo que pregava o amor. Este Messias era uma afronta para eles, pois Ele anunciava um Deus misericordioso. Não queriam acreditar que Ele fosse o filho de Deus e a única coisa que lhes interessava era a sua morte.

Com poucas moedas, compram o silêncio do povo, que dias antes o receberam em Jerusalém com toda a louvação. Elevavam palmas, flores e refrãos e depois foram subornados para gritarem a favor de Barrabás e contra Cristo. Lembramos bem do nosso país que atravessa a maior crise de corrupção jamais registrada. Precisamos mudar o rumo da história; prender Barrabás que roupa o povo, mesmo em gabinetes e parlamentos de veludo e libertar os oprimidos por impostos e esquecimento.


 

DSC_7162

ALGOZES DE TODOS OS TEMPOS

No entanto, vivemos neste paraíso, cercado e manipulado pelos colarinhos brancos que sugam todos estes biomas através das maiores propinas vista pelos olhos da população indignada, que cada vez tem menos acesso às suas necessidades. Temos Herodes na Bíblia, que podemos entender plenamente como alguém que decepa cabeças dos trabalhadores e dos pobres, em benefício próprio. Assim são nossos governantes.

Cristo é levado para Herodes e depois jogado nas mãos de Pilatos. A história se repete, nas portas dos hospitais, nas filas do desemprego. Mas nós, como cristãos, somos convidados à penitência, à solidariedade, que são caminhos para celebrar a vigília pascal. A injustiça se faz presente no templo que deveria ser da Justiça.

Qual nada, se nem mesmo a sinagoga aceitou Cristo, pelo contrário, que dirá dos pagãos que estavam por perto. Assim como partidos políticos ficam em cima do muro, Pilatos faz o mesmo com Jesus e o entrega a plebe corrompida e comprada com moedas, como se compram votos com promessas mentirosas. 

prohosp 4
2

Manipulam Judas para trair Cristo por trinta moedas e se manipulam tribunais para liberar malfeitores da sociedade. Vejamos a passagem da covardia de Pilatos, tão aclamada nas liturgias destes dias da Semana Santa.

“O que devo fazer com o Messias, chamado Jesus?”, perguntou Pôncio Pilatos. E os injustos gritaram sem cessar: “Crucifica-o”. Ele soltou Barrabás e mandou flagelar Jesus de Nazaré. (Mt 26, 21. 26)

Há tanta corrupção nesta história como na história do nosso país. Um país como o Brasil, de uma riqueza enorme através destes biomas que o povo de Deus que aqui vive, não pode aproveitar nada, a não ser a injustiça e a falta de caráter dos que foram eleitos pelo povo.

Cristo é levado ao Palácio de Pilatos e chicoteado antes da sentença final. Assim, nossa gente humilde e chicoteada pela injustiça, onde a morosidade leva anos para mostrar o quanto foram injustos para com nosso povo e nossos pobres.


 

VENCER OS PODEROSOS

DSC_7101

Revivemos com Cristo o seu caminho na tragicidade de sua vida. O exemplo do Filho de Deus que vindo trazer o próprio reino para a humanidade se transforma no próprio holocausto para nos salvar. É Ele, o cordeiro de Deus, que se entrega para a redenção de todos os homens. 

Temos que ser pacientes, mas é preciso separar o trigo do joio. Parecem semelhantes, mas pelos frutos podemos distinguir o bem do mal.

Jesus contou outra parábola à multidão: «O Reino do Céu é como um homem que semeou boa semente no seu campo. Uma noite, quando todos dormiam, veio o inimigo dele, semeou joio no meio do trigo, e foi embora … Os empregados lhe perguntaram: “Queres que arranquemos o joio? ’. O dono respondeu: “Não.

Pode acontecer que, arrancando o joio, vocês arranquem também o trigo. Deixem crescer um e outro até a colheita. E no tempo da colheita direi aos ceifadores: arranquem primeiro o joio, e o amarrem em feixes para ser queimado. Depois recolham o trigo no meu celeiro!’» (Mt 12, 42). 

O evangelho do joio e do trigo nos remete ao mundo atual. Vivemos entre o bem e o mal, entre a necessidade de uma vida boa e tranquila e do outro lado o medo da violência, da fome, da falta de atendimento hospitalar, de moradia, onde o joio impede que possamos viver felizes. Esta é a contradição da Semana Santa, o caminho da morte, nas maldades do calvário e o caminho da vida, no túmulo vazio. Entendemos que devemos ter paciência e deixar que ambos cresçam, para depois separar o joio do trigo. Haverá esperança para os homens.Cristo nos ensina desta forma e nos dá o primeiro sinal de que precisamos do trigo para fazer o pão. Jesus disse ainda: “Com que poderei ainda comparar o Reino de Deus? Ele é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado.” (Lc 13, 18-21). Sabemos que para fazer o pão, precisamos misturar, sovar e dividir a massa. Jesus nos oferece a esperança, não imediata, mas com paciência para entendermos seu Reino. O pão que Jesus nos fala vai nos alimentar na Páscoa. Passamos a Sexta-Feira Santa num dia muito triste, de recordações de uma vida que termina na cruz. A morte e a paixão de Cristo durante a semana nos faz lembrar o quanto devemos orar e agradecer. Cristo não pede nada, somos nós que pedimos, nós que estamos sempre a pedir alguma coisa, enquanto nossos irmãos não tem nada. È preciso celebrar as dores do calvário para estar com Jesus na alvorada da ressurreição. 

 

 

IMG_0373

SACRIFÍCIOS REDENTORES

5
 
4

Passamos um período de luto na quaresma onde nos purificamos através de jejuns, esmolas, recolhimento e promessas. Comprometemos-nos de mudar nossa maneira de ser. Devemos sempre melhorar, tentar estar pronto para receber a eucaristia sem pecado, sem falsas prerrogativas de vida, mas aceitando o que nos foi dado.

É preciso agradecer sempre pelo muito que temos e que afinal não precisamos de tanta coisa para viver decentemente. Agora estamos na frente do Senhor para vê-lo ressuscitar e nos mostrar que temos direito a partilhar a continuação de nossa vida com Ele.

Recordamos a tragicidade da natureza refletida na humilhação de Cristo. Tiraram as suas vestes e o cobriram com um manto vermelho. Puseram em sua cabeça um coroa de espinhos. E todos zombavam de Jesus: “Salve, Rei dos judeus” (Mt 27, 28 – 29).  A natureza perde suas folhas e se arrasa em espinhos, como tantos irmãos que vivem coroados de espinhos e sofrem, como a natureza que é ceifada sem pudor.

Jesus percorre o seu caminho até o calvário, enquanto, nós, percorremos diariamente o calvário da nação. Os homens ficam triste com Deus Filho sofrendo seu itinerário até a cruz.

8
 
13

Os fiéis que vivem, hoje, a brutalidade e a violência, os assassinatos, os roubos, as filas intolerantes das necessidades aguardando hospitais, serviços públicos e tribunais com espera de anos acompanham aquele que em nome de todos surgiu para nos amar e estender os braços. São parceiros de Jesus, como o homem que participa da cruz de Cristo. Sua atitude é edificante. Eles levaram Jesus para ser crucificado. Pegaram um tal Simão de Cirene e o obrigaram a carregar a cruz. As mulheres choravam. Jesus disse: “Não chorem por mim; chorem por seus filhos” (Lc 26, 26 – 28).

Realmente, as mulheres continuam a chorar por seus filhos, desde o momento que nascem. Com tanta estrutura e tantos bens dados por Deus, os homens não conseguem fazer nada do que lhe foi pedido. Quantas crianças nasceram com problemas e que poderiam ser evitados se houvesse do governo uma maior preocupação, um simples mosquito da dengue traz o caos na família, na sociedade, por falta de amparo governamental. Choramos sim, não somente as mães, mas os pais que também padecem. Jesus é a Luz que ainda ilumina tudo isso e dá forças para seguir o calvário que se abateu mais uma vez na nação de tantos biomas e de nenhuma consideração pelos caminhantes.

Por volta do meio dia, uma grande escuridão cobriu a terra. Jesus deu um grande grito: “Pai, te entrego meu espírito”. Com estas palavras, expirou. (Lc 13, 44- 46). Ficamos na escuridão, sem água, ou com grandes tormentas, sem oxigênio e sem o canto dos pássaros, que alegravam nossos bosques. Com a vitória de Cristo, somos convidados a mudar o rumo da história.

 

 

TREVAS E LUZ DA NATUREZA

2014 1

As trevas cobriram a terra, os céus entristeceram, Deus Filho havia morrido como homem na cruz. Havia sofrido, na morte mais desesperadora que existia na época. Padeceu na cruz. No entanto, havia uma promessa que ele havia feito para os apóstolos, que não entenderam bem o que o Senhor havia dito.

Ao entrar no túmulo, não encontram o corpo de Jesus. Um anjo lhes disse: “Ele não está mais aqui: ressuscitou”. (Lc 24, 3.6).

É Páscoa, é a ressurreição do Senhor, ele voltou para mostrar aos homens que existe outra vida além da nossa, que os céus estão abertos para receberem todos os que creem Nele.

O tumulo vazio nos dá a certeza de que Ele honrou todas as suas promessas, mas os homens, dois mil anos depois ainda não conseguiram fazer nada para melhorar a vida dos que sofrem. Tantos exemplos e pouco se viu. O sofrimento ameniza somente àqueles que acreditam no Senhor Jesus Cristo.

Ele trouxe um mundo novo, veio para mostrar aos homens o caminho que devemos percorrer e percorreu sozinho o próprio para nos dar uma lição única, devemos acreditar para seguir suas pegadas.

Fiquemos com a última cena de sua vida, que foi a maior de todas as lições que recebemos de Cristo e que rememoramos em todas as celebrações, Cristo está dividindo o pão e o vinho conosco. Participamos é a nossa Páscoa, é a Páscoa do Senhor.

Salvemos os biomas, para salvar nossas vidas. Há uma grande interação entre os sistemas naturais e nossa vida saudável. Salvemos plantas e animais e nos salvemos juntos. Mesmo que o calvário nos assusta, buscamos sempre rolar a pedra da morte e anunciar novos tempos da ressurreição.


 

 

 



Pe. Antônio S. Bogaz – Prof. João Henrique Hansen
autores dos Filmes: Sangue no Sertão (Padre Cícero)
e Bandeirante de Cristo (Frei Galvão) 
PBJH

*****

 


SAM_6668


1.Missa Dia do meio Ambiente_09.06.13

A TERRA ESTÁ GRÁVIDA 

Terra feita fecunda, com vontade de engravidar.
Terra de mil genes, plena de anseio de vida gerar;
A mãe terra nasce como o útero feminino,
Com a graça divina de fazer nascer o menino;
Menino que se faz grande, como se fosse o luar.
Buscando a fonte da vida, para o sémen fascinar.
A lua se enamora do sol, que o seduz de luz prateada.
O sol busca atravessa o crepúsculo e perpassa a alvorada,
Sem si fundir na uniformidade, encontram-se na pluralidade.
Vivendo na distinção profunda, unificam-se na unidade.
A vida verde busca a terra, sem a terra não é feliz.
A terra negra, de noites estreladas, é da semente a matriz.
A terra é bonita e faz crescer o broto gentil e terno, na
Luta da vida para destruir o mal eterno.
Recebe a semente pelas mãos femininas da fecundação.
Com povos indígenas, negros e prateados fecundam o chão.
 
Pe. Bogaz – Prof. Hansen

Missa da Primavera 16


MSF 10