A HISTÓRIA E A MÍSTICA DA FESTA DE PENTECOSTES

LUZ DIVINA

A HISTÓRIA E A MÍSTICA DA FESTA DE PENTECOSTES


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Nos últimos tempos, melhor ainda, depois do Concílio Vaticano II, aconteceu uma belíssima irrupção da presença do Espírito Santo na vida dos cristãos, na vida litúrgica e na atividade pastoral. A redescoberta da força desta Luz Divina renovou nossa Igreja, alegrou e animou as comunidades, fazendo com que haja sempre mais entusiasmo e dinamismo em nossa espiritualidade. A mística da luz da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade é uma força que nos torna mais fieis e mais incentivados para praticar a caridade e evangelizar.

 

DEUS NOS CONVIDA HÁ LONGOS ANOS

Somos todos convidados por Deus para acolher o Espírito. É uma grande festa e uma longa história. A solenidade de Pentecostes tem origem no Judaísmo.  Era uma festa, 

inicialmente agrícola, pois após a colheita, o povo judaico se reunia para agradecer a Deus a colheita de grãos, trigo e cevada. Foi chamada pelo povo de Festa da Colheita. Uma grande festa.  Também teve o nome de Festas das Semanas, pois acontecia entre a Páscoa e a festa. O período era de sete semanas e, claro, no quinquagésimo dia havia a grande comemoração, que era  um congraçamento com todos.  Na festa também participavam os pobres e os estrangeiros para dividir com os necessitados, como era costume do povo judaico.

Para o ritual todos eram convidados.  De fato, o ritual era uma espécie de agradecimento especial pela primeira colheita feita no ano, inclusive se levava depois ao templo uma quantia dos primeiros grãos que o povo colheu. Também se chamava Dia das Primícias dos Frutos. Também este era o nome do ritual para levar ao templo os primeiros frutos colhidos naquele ano.

Mais tarde, a palavra Pentecostes, que é de origem grega, foi assimilada pelos judeus três séculos antes do nascimento de Cristo. Este título refere-se aos cinquenta dias após a Páscoa, que eram direcionados para estas festas. A numerologia que vemos na Bíblia não explica exatamente os 50 dias, mas aparece com destaque no Antigo Testamento quando Moisés subiu no  Monte Sinai após a saída do povo judeu do Egito e voltou com os Dez Mandamentos. No Monte, Moisés recebeu a luz divina que lhe inspirou a lei divina que entregou ao seu povo em marcha no deserto.

  

CONVIDADOS PARA A FESTA DA LUZ

Pentecostes acontece, segundo o Novo Testamento, no quinquagésimo dia depois do domingo de Páscoa. Trata-se de uma grande festa para o mundo católico, pois é o dia em que o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos de Cristo, Maria e todos os demais discípulos que ali estavam. Entendemos os cinquenta dias da seguinte maneira:

Em primeiro lugar, entendemos que a Solenidade de Pentecostes acontece no décimo dia depois da Ascensão de Jesus – os apóstolos e discípulos (juntamente com Maria) ficaram nestes dias no Cénaculo. De fato, Cristo ficou quarenta dias após a ressurreição entre os apóstolos e discípulos, completando ensinamentos e preparando-os para sua despedida. Partimos da doutrina que Cristo ficou três dias na sepultura e depois ressuscitou. Coincide, justamente com a Festa de Pentecostes dos judeus a Festa do Divino Espírito Santo para os cristãos, também chamada de Pentecostes, mas com o sentido da vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos e discípulos. Encontramos a passagem bíblica deste evento, na vida dos Apóstolos: “E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos como combinados  no mesmo lugar” (Atos 2, 1)

  

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O ESPÍRITO NA HISTÓRIA DE JESUS

A presença do Espírito Santo acontece no Batismo de Jesus, onde Deus se faz ouvir, mostrando pela primeira vez a Trindade. Vemos o texto: “…E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo. (Mt 3, 15 – 17)

A vinda do Espírito Santo para iluminar os apóstolos, Maria e discípulos, é realizada primeiramente pelo  Cristo Ressuscitado que prepara os apóstolos para a chegada do Espírito Santo. Eles não sabiam o que viria, não tinham ideia precisa de como isso aconteceria, mas tinham fé, muita confiança. Foi algo puramente divino a chegada do Espírito Santo, em formas de línguas de fogo, pois como sabemos o Espírito Santo se faz presente em água, fogo, vento, unção e outras formas de receber o Espírito de Deus. Podemos recordar em Atos, como a vinda do Espírito Santo chegou para todos os que ali estavam. Podemos apreciar a citação bíblica; “Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente veio do céu um ruído, como de um vento impetuoso, que encheu toda a casa onde estavam sentados e lhes apareceram umas como línguas de fogo, as quais se distribuíram, para repousar sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem. (At 2, 1- 6)

Pensando neste grande momento de fé, podemos imaginar a grandeza do espetáculo que o Espírito Santo proporcionou a todos presentes. No final,  aproximadamente três mil pessoas se converteram ao cristianismo. Ali estava o início do poder da fé que o Salvador trouxe. Cristo começa então, através de seus apóstolos e discípulos, uma evangelização para todos os cantos do mundo.

Nossa Igreja deve muito aos apóstolos que,  sem medo e  iluminados pelo Espírito Santo, saem pelos telhados da vida, anunciando o Cristo, contando suas histórias, suas parábolas, sua vida, sofrimento e vitórias. O Espírito Santo veio para iluminar a todos. Eram setenta e duas pessoas que participaram deste momento de fé, desta chegada do Espírito de Deus. A presença do Espírito Santo vem através de todos os dons que Ele tem. Cremos  que nosso Deus é uma Trindade e que as graças vem de Deus e  necessitam de uma ação direta do Espírito Santo para  crescer em nós. Assim foram com os apóstolos e  todos os que receberam o Espírito Santo. “Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto” (Mt 7, 7).

  

DONS MARAVILHOSOS, PRESENTES DIVINOS

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Os dons do Espírito Santo são inúmeros, mas a doutrina  salienta que sete deles são os mais direcionados e conhecidos das pessoas que clamam pelo Espírito Santo.

Primeiro: A preciosa fortaleza: pode ser considerada como uma virtude que Deus deu para os apóstolos, para enfrentar as tribulações, as perseguições e a coragem para enfrentar o testemunho cristão. Lembremos que quase todos morreram como mártires, sem negar a fé em Cristo, numa luta gloriosa para evangelizar todos que encontraram e ir de encontro a cada povo, a cada cidade, a cada país, ensinando quem era Cristo. O Espírito Santo dando-lhes o dom da Fortaleza, os preparou para serem fortes.

Segundo: A humildade sabedoria: sabemos que os apóstolos não tinham preparo intelectual quando conheceram Jesus e Ele os convidou para serem seus apóstolos. Mesmo com Cristo ao lado ainda faltava o dom da sabedoria para levar a Palavra do Senhor pelo mundo afora.

O Espírito Santo incutiu-lhes a sabedoria. Sabemos que é um dom que vem de Deus, ela não é como uma árvore que cresce, ela é fluída pelo Espírito Santo que fez com que os apóstolos e discípulos pudessem conhecer com mais profundidade o que Jesus lhes ensinou.

Terceiro: a clareza da ciência: todo o conhecimento vem de Deus. Para entender determinadas áreas com toda a habilidade, por exemplo, o universo e Deus neste infinito, o Espírito Santo fez com que os talentos e dons dos apóstolos tivessem maior percepção. Mesmo não percebendo isso, Deus fez com que ficassem mais aguçados na ciência e procurassem entender o que passava em volta deles durante suas andanças e ensinamentos.

Quarto: a gratuidade do conselho: Cristo os ensinou de uma maneira direta e fácil como dar conselhos, mas mesmo assim, com todo o aprendizado dos apóstolos, dar conselho é algo divino que vem de Deus, especialmente do Espírito Santo, para que possamos auxiliar cada um em nosso caminho. Com este dom do espírito, ficou mais fácil para os apóstolos cumprirem sua jornada neste mundo, ensinando e aconselhando os que os procuravam, direcionando-os para o lado positivo, para a espiritualidade e religiosidade de cada cristão novo que nascia.

Quinto: a harmonia do entendimento: Deus explicou aos apóstolos diversas vezes, conforme está nos evangelhos,  que iria morrer e ressuscitaria.  A nossa fé está centralizada no Cristo e temos que ter este entendimento completo de como somos tocados neste mistério da nossa fé. Os apóstolos entenderam mais facilmente depois de Pentecostes, pois o Espírito Santo também deu-lhes  este entendimento. A sabedoria se completa com o entendimento. Podemos reparar que o direcionamento do Espírito Santo é perfeito em nos direcionar, o que dirá quando veio para os apóstolos e deu-lhes esta visão.

Sexto: a elevação da piedade: a piedade e a misericórdia estão juntas. Basta lembrar da prostituta que seria apedrejada e o Senhor fez com que todos fossem embora e a salvou. Disse-lhe que não voltasse a pecar. O Senhor deu-lhes um exemplo bem visível de como devemos fazer com as pessoas que encontramos,  acolhê-las por piedade ou no momento mais atual, chamar de misericórdia, que devemos ter com nossos irmãos. O Espírito Santo também os cobriu com sua misericórdia para que neste caminho tivessem este lado de Cristo em sua companhia e fizessem o bem como o Mestre os ensinou.

Sétimo: a graça do temor: somente possamos temer a Deus se cumprirmos seriamente  seus mandamentos, seus ensinamentos e procurar ser um bom cristão. O Novo Testamento nos ensina que  devemos buscar o  Reino de Deus. Não podemos deixar nunca de lembrar que o Reino de Deus é o nosso foco na vida, se nos direcionarmos para outro lado, certamente não estaremos fazendo o que Deus nos pediu. Desta maneira, tememos o Senhor, pois Ele não estará satisfeito com nosso comportamento. O Espírito Santo deu também aos apóstolos a verdade, para que eles pudessem cumprir sua jornada com muito amor e muita fé. Eles cumpriram e fizeram do caminho, após Pentecostes a trajetória mais sublime de suas vidas.  

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Somos todos chamados a viver segundo o Espírito. Não significa alienar-se da realidade e nem viver nas nuvens. Espiritualizar-se quer dizer tocar o mundo material com o Espírito Divino. Somos todos convidados a viver o Pentecostes com fé e esperança. Devemos lembrar, que ficou para nós toda esta herança. É importante ter o coração aberto para  que saibamos usar todos os novos dons e talentos dado pelo Espírito Santo. Eles são presentes divinos para cada um de nós,  para sermos cristãos dignos, onde nossa fé será nosso caminho, como foi o dos apóstolos. Nós não estávamos lá quando o Espírito Santo apareceu, mas recebemos esta herança deste momento de fé e temos que honrá-la dignamente. O Espírito Santo continua descendo sobre nós. Cada dia é Pentecostes.

 

 

 

 

 

Prof. João Henrique Hansen – Pe. Antônio Sagrado Bogaz

autores de NOVOS TEMPOS, NOVOS TEMPLOS. Paulus. 2016

PBJH

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