CELEBRAÇAODO AMOR MATERNO MÃE E FILHO NO CALVARIO

CELEBRAÇÃO DO AMOR MATERNO

A MÃE E O FILHO NO CALVÁRIO

BM 23

O tempo Quaresmal é um período extremamente fascinante para a contemplação dos sofrimentos de Cristo e da presença materna de Maria.

Na Quaresma, podemos viver esse tempo, principalmente pela contemplação dos santos mistérios nos quais a  Mãe de Deus,  participou junto com Jesus Cristo no caminho que o levará à morte e à ressurreição.

Maria nos ajuda a preparar este momento que nos introduz espiritualmente no mistério pascal de Cristo através de sua Paixão, Morte e Ressurreição.

Os mistérios do Rosário da Virgem Maria são compostos por quatro núcleos do mistério cristão, onde celebramos e vivemos o mistério da encarnação (gozosos), o mistério da ação pública (luminosos), o mistério da paixão e da morte (dolorosos e os mistérios gloriosos,   para meditar sobre a glória de Jesus Cristo e de Maria.

 

MISTÉRIOS DOLOROSOS NA LITURGIA QUARESMAL

Durante a Quaresma, somos convidados a celebrar e contemplar os mistérios dolorosos, onde revivemos o caminho da dor redentora de Cristo. Eis seu significado.

  1. Agonia no Horto das Oliveiras. Fruto do Mistério: Contrição dos pecados.
  2. A Flagelação de Cristo. Fruto do Mistério: Mortificação dos nossos sentidos.
  3. A Coroação de Espinhos. Fruto do Mistério: O Desprezo do mundo.
  4. O Transporte da Cruz. Fruto do Mistério: Paciência nas nossas cruzes.
  5. A Crucificação. Fruto do Mistério: A conversão dos pecadores, a perseverança dos justos e o alívio das almas do Purgatório.

A presença de Maria, Mãe de Deus, na vida de Jesus Cristo inicia-se exatamente quando o Anjo Gabriel aparece para Maria e faz-lhe o convite em nome de Deus para ser a mãe do Salvador. O “sim” de Maria vai gerar Jesus através do Espírito Santo. É a partir deste momento que Maria sabe que está gerando o Filho de Deus. 

3

Sua responsabilidade de Mãe do Salvador vai desde a aparição do Anjo até sua morte e assunção aos céus, mas é justamente neste período Quaresmal que a presença de Maria  registra seu momento de mãe de forma mais dolorosa, acompanhando toda a paixão, morte e ressurreição de Cristo. Dos mistérios do rosário, sem dúvida alguma os “dolorosos”  expõe toda a dor que Maria  partilha junto ao Filho de Deus. Por isso, Ela é nossa companheira em nossas dores.

 

MARIA NA HISTÓRIA DO FILHO

n.sra. saúde - jul 12 copy

Fixemos o olhar no trajeto de Maria na vida de Cristo. Maria dá a luz numa manjedoura, sendo o berço de Cristo feito das palhas que se encontram no local. O Filho de Deus vem ao mundo sem um lugar para nascer. E mais, Ele morre numa cruz.

Assim vemos que a importância do lugar para nascer ou morrer, mostra, claramente, que o Filho de Deus Pai veio cumprir sua promessa. Não precisou mostrar palácios e nem ouro. Foi Maria quem amamentou o filho, cuidou dele até se transformar em um homem e posteriormente acompanhou-o, como Mãe e Discípula.

Maria segue os passos cotidianos de seu Filho. Teve seus anseios e preocupações, como quando Jesus ficou em Jerusalém. José e Maria foram procurá-lo. Sua preocupação constante foi de cuidar do Filho de Deus.

A participação de Maria na vida de Jesus é contínua. No episódio de Caná, é Maria  – como discípula – que pede a Jesus para iniciar  sua missão. É ela quem diz:

– Façam o que ele mandar.

Esta frase tem o sentido de nos indicar o caminho a seguir. Somos filhos de Maria e seu  recado é parte do que devemos fazer: seguir Jesus Cristo e fazer o que Ele mandar.

Temos, desta maneira uma luz divina em Maria, que abre o caminho para Jesus iniciar sua trajetória para pregar a Palavra de Deus.

Na Quaresma estamos nos purificando, lembrando que é um momento de pensarmos que somos pó e do pó retornaremos. Por isto,  temos que jejuar, acolher os pobres, manifestarmos nosso amor por Cristo e nos prepararmos para a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.

 

CAMINHO DA DOR, CAMINHO DO AMOR

 
11

DSC_7162

14

24-2-2013 174

Nosso pensamento vai primeiramente para Agonia no Horto das Oliveiras, que nos faz entender que a missão de Jesus estava chegando ao seu final. Então  “Ele se afastou deles à distância de um tiro de pedra, ajoelhou-se e começou a orar: Pai, se queres, afasta de mim este cálice; entretanto, não seja feita a minha vontade, mas o que Tu desejas. (Mc 22, 42-46)

Cristo sabe o que virá em seguida. Maria conhece os mistérios de Deus. Pois Ela gerou seu filho. Ela também sabe o que lhe reserva. Vemos em Maria a mãe aflita, não podendo salvar seu Filho, pois ele reconhia seus caminhos, quando aceitou de Deus Pai o caminho para salvar a humanidade.

Entramos no segundo mistério A Flagelação de Cristo. Recordamos que estamos na Quaresma e devemos lembrar, também, que existia uma tradição. Os homens e mulheres se vestiam com roupas tipo “saco de estopa”, para mostrar arrependimento e pedir perdão pelo que haviam feito contra Deus. Era uma maneira de se redimir dos seus pecados.

A Flagelação de Cristo, envolve Pilatos que manda açoitá-lo, pensando que em seguida o povo o libertaria. Mas o povo havia sido seduzido pelos sacerdotes do templo e pediram para soltar Barrabás

Então, Pilatos convocando os chefes dos sacerdotes, todas as demais autoridades judaicas e o povo,  ponderou-lhes: Não existe nada digno de morte realizado por Ele.  Portanto, após submetê-lo a açoites, libertá-lo-ei!”  (Mc 23, 13-16). 

Jesus assume voluntariamente nossas culpas e se sujeitou ao humilhante castigo da flagelação. Jesus Cristo foi amarrado a uma coluna, do lado externo do Tribunal Romano. Dois soldados, com chicote especial que eram usados pelos romanos o açoitaram. Seu corpo todo derramou muito sangue e as dores foram terríveis.

Maria participa de todo este espetáculo trágico, uma verdadeira farsa dos poderosos e do seu próprio povo. Se para uma mãe é torturante ver um filho doente, não podemos imaginar o que foi para Maria receber golpes e golpes de dor no coração, vendo o sofrimento daquele que veio para salvar o povo de Deus e que somente tinha feito o bem.  No entanto foi julgado, inocentado e o povo preferiu um bandido a ser libertado. Barrabás é solto e Cristo levado à morte pela cruz. Não estamos falando de política no momento, mas parece cena de bandidos libertados, enquanto os inocentes apodrecem nas prisões.

 

 
3

8

7

24-2-2013 186

ESPINHOS NA CABEÇA, ESPINHOS NO CORAÇÃO

8

Veio a Coroação de Espinhos. Já não bastasse o flagelo imposto a Jesus, resolverem coroá-lo com uma coroa de espinhos, fazendo da mesma um objeto de tortura, que dilacerava a sua cabeça. Ao mesmo tempo fazia-lhe sangrar escorrendo até o rosto o sangue derramado.

“Os soldados, tendo tecido uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e vestiram-no com um manto de púrpura; chegavam-se a ele e diziam: Salve, Rei dos judeus! e davam-lhe bofetadas. (Mc 15, 17-18)

Não satisfeitos com o que fizeram a Jesus Cristo no processo de sua flagelação, seus detratores levaram-no para o Pretório e fizeram-no colocar uma túnica vermelha, onde o chamavam de Rei.Não bastasse as dores, ainda arrumaram um cetro e colocaram em sua mão, onde riam e zombavam dele. Tudo feito com uma violência extrema, dando-lhe inclusive socos, pontapés e cuspindo em seu rosto. Cristo sentia todas as dores, mas não falava nada. E Maria nos passos de Jesus. Seus olhares se encontravam e se fortaleciam na dor e na fé. Portanto, pensemos em Maria que se encontra com Jesus mais uma vez e desta vez ele está carregando a cruz, com a coroa na cabeça, mal podendo ficar em pé. 

 

MARIA AOS PÉS DA CRUZ

 
são longuinho 1

Finalmente chegam ao Gólgota, onde Cristo seria colocado na cruz. Assim fizeram os soldados. Não dividiram sua túnica, sortearam entre eles, conforme estava escrito nas profecias.

E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria mulher de Clopas, e Maria Madalena. Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. (Jo 19,25-30).

Após chegar  ao local da crucificação e já sem forças para caminhar, Simão, o Cirineu, que ajudou-o a carregar a cruz,  deixou-a do lado dele. Os ladrões que estavam para serem crucificados, foram imediatamente colocados na cruz. Segundo a tradição, quando foi a vez de Jesus Cristo, foi pregada primeiro a mão direita, com um cravo de ferro em seu pulso. Depois sua mão esquerda. Engancharam o patíbulo no estipe e os pés foram pregados na madeira, o direito em cima do esquerdo, porém atravessados com um único cravo de ferro. Estava literalmente pregado na cruz, derramando seu sangue. Da cruz, Jesus ainda se dirigiu aos apóstolos e o Pai.

 

MARIA EM NOSSAS DORES

Neste momento crucial, de fé e força, somos adotados como filhos de Maria, o que significa que Maria, também, faz parte da nossa Salvação. É interessante que todo o processo dos mistérios dolorosos são endereçados não somente ao sofrimento de Cristo, mas também a participação plena de Maria.

Podemos, portanto, dentro de nossas atividades de viver a Quaresma, colocarmos Maria e o terço como elementos de nossas orações para a absolvição de nossos pecados, assim estaremos bem mais próximos da Ceia Pascal.

No entanto, Maria está presente  numa das cenas mais lindas e tristes do mundo da maior história da humanidade, tão bem esculpida por Michelangelo se chama Piettá. Pintores e poetas retratam  com um realismo fascinante Maria com Jesus Cristo morto em seus braços. Basta pensarmos neste lirismo de dor e compreenderemos a grandeza de Maria e a sua presença na maior história do mundo.

Nos penitenciemos na Quaresma, Maria está com todos os seus filhos.

 


24-2-2013 193
Prof. João Henrique Hansen – Pe. Rodinei C. Thomazella – Pe. Antônio S. Bogaz
Família de São Luís Orione