CELEBRAÇÃO DO AMOR MATERNO
A MÃE E O FILHO NO CALVÁRIO

O tempo Quaresmal é um período extremamente fascinante para a contemplação dos sofrimentos de Cristo e da presença materna de Maria.
Na Quaresma, podemos viver esse tempo, principalmente pela contemplação dos santos mistérios nos quais a Mãe de Deus, participou junto com Jesus Cristo no caminho que o levará à morte e à ressurreição.
Maria nos ajuda a preparar este momento que nos introduz espiritualmente no mistério pascal de Cristo através de sua Paixão, Morte e Ressurreição.
Os mistérios do Rosário da Virgem Maria são compostos por quatro núcleos do mistério cristão, onde celebramos e vivemos o mistério da encarnação (gozosos), o mistério da ação pública (luminosos), o mistério da paixão e da morte (dolorosos e os mistérios gloriosos, para meditar sobre a glória de Jesus Cristo e de Maria.
MISTÉRIOS DOLOROSOS NA LITURGIA QUARESMAL
Durante a Quaresma, somos convidados a celebrar e contemplar os mistérios dolorosos, onde revivemos o caminho da dor redentora de Cristo. Eis seu significado.
- Agonia no Horto das Oliveiras. Fruto do Mistério: Contrição dos pecados.
- A Flagelação de Cristo. Fruto do Mistério: Mortificação dos nossos sentidos.
- A Coroação de Espinhos. Fruto do Mistério: O Desprezo do mundo.
- O Transporte da Cruz. Fruto do Mistério: Paciência nas nossas cruzes.
- A Crucificação. Fruto do Mistério: A conversão dos pecadores, a perseverança dos justos e o alívio das almas do Purgatório.
A presença de Maria, Mãe de Deus, na vida de Jesus Cristo inicia-se exatamente quando o Anjo Gabriel aparece para Maria e faz-lhe o convite em nome de Deus para ser a mãe do Salvador. O “sim” de Maria vai gerar Jesus através do Espírito Santo. É a partir deste momento que Maria sabe que está gerando o Filho de Deus.

Sua responsabilidade de Mãe do Salvador vai desde a aparição do Anjo até sua morte e assunção aos céus, mas é justamente neste período Quaresmal que a presença de Maria registra seu momento de mãe de forma mais dolorosa, acompanhando toda a paixão, morte e ressurreição de Cristo. Dos mistérios do rosário, sem dúvida alguma os “dolorosos” expõe toda a dor que Maria partilha junto ao Filho de Deus. Por isso, Ela é nossa companheira em nossas dores.
MARIA NA HISTÓRIA DO FILHO

Fixemos o olhar no trajeto de Maria na vida de Cristo. Maria dá a luz numa manjedoura, sendo o berço de Cristo feito das palhas que se encontram no local. O Filho de Deus vem ao mundo sem um lugar para nascer. E mais, Ele morre numa cruz.
Assim vemos que a importância do lugar para nascer ou morrer, mostra, claramente, que o Filho de Deus Pai veio cumprir sua promessa. Não precisou mostrar palácios e nem ouro. Foi Maria quem amamentou o filho, cuidou dele até se transformar em um homem e posteriormente acompanhou-o, como Mãe e Discípula.
Maria segue os passos cotidianos de seu Filho. Teve seus anseios e preocupações, como quando Jesus ficou em Jerusalém. José e Maria foram procurá-lo. Sua preocupação constante foi de cuidar do Filho de Deus.
A participação de Maria na vida de Jesus é contínua. No episódio de Caná, é Maria – como discípula – que pede a Jesus para iniciar sua missão. É ela quem diz:
– Façam o que ele mandar.
Esta frase tem o sentido de nos indicar o caminho a seguir. Somos filhos de Maria e seu recado é parte do que devemos fazer: seguir Jesus Cristo e fazer o que Ele mandar.
Temos, desta maneira uma luz divina em Maria, que abre o caminho para Jesus iniciar sua trajetória para pregar a Palavra de Deus.
Na Quaresma estamos nos purificando, lembrando que é um momento de pensarmos que somos pó e do pó retornaremos. Por isto, temos que jejuar, acolher os pobres, manifestarmos nosso amor por Cristo e nos prepararmos para a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.
CAMINHO DA DOR, CAMINHO DO AMOR




Nosso pensamento vai primeiramente para Agonia no Horto das Oliveiras, que nos faz entender que a missão de Jesus estava chegando ao seu final. Então “Ele se afastou deles à distância de um tiro de pedra, ajoelhou-se e começou a orar: Pai, se queres, afasta de mim este cálice; entretanto, não seja feita a minha vontade, mas o que Tu desejas. (Mc 22, 42-46)
Cristo sabe o que virá em seguida. Maria conhece os mistérios de Deus. Pois Ela gerou seu filho. Ela também sabe o que lhe reserva. Vemos em Maria a mãe aflita, não podendo salvar seu Filho, pois ele reconhia seus caminhos, quando aceitou de Deus Pai o caminho para salvar a humanidade.
Entramos no segundo mistério A Flagelação de Cristo. Recordamos que estamos na Quaresma e devemos lembrar, também, que existia uma tradição. Os homens e mulheres se vestiam com roupas tipo “saco de estopa”, para mostrar arrependimento e pedir perdão pelo que haviam feito contra Deus. Era uma maneira de se redimir dos seus pecados.
A Flagelação de Cristo, envolve Pilatos que manda açoitá-lo, pensando que em seguida o povo o libertaria. Mas o povo havia sido seduzido pelos sacerdotes do templo e pediram para soltar Barrabás
Então, Pilatos convocando os chefes dos sacerdotes, todas as demais autoridades judaicas e o povo, ponderou-lhes: Não existe nada digno de morte realizado por Ele. Portanto, após submetê-lo a açoites, libertá-lo-ei!” (Mc 23, 13-16).
Jesus assume voluntariamente nossas culpas e se sujeitou ao humilhante castigo da flagelação. Jesus Cristo foi amarrado a uma coluna, do lado externo do Tribunal Romano. Dois soldados, com chicote especial que eram usados pelos romanos o açoitaram. Seu corpo todo derramou muito sangue e as dores foram terríveis.
Maria participa de todo este espetáculo trágico, uma verdadeira farsa dos poderosos e do seu próprio povo. Se para uma mãe é torturante ver um filho doente, não podemos imaginar o que foi para Maria receber golpes e golpes de dor no coração, vendo o sofrimento daquele que veio para salvar o povo de Deus e que somente tinha feito o bem. No entanto foi julgado, inocentado e o povo preferiu um bandido a ser libertado. Barrabás é solto e Cristo levado à morte pela cruz. Não estamos falando de política no momento, mas parece cena de bandidos libertados, enquanto os inocentes apodrecem nas prisões.




ESPINHOS NA CABEÇA, ESPINHOS NO CORAÇÃO

Veio a Coroação de Espinhos. Já não bastasse o flagelo imposto a Jesus, resolverem coroá-lo com uma coroa de espinhos, fazendo da mesma um objeto de tortura, que dilacerava a sua cabeça. Ao mesmo tempo fazia-lhe sangrar escorrendo até o rosto o sangue derramado.
“Os soldados, tendo tecido uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e vestiram-no com um manto de púrpura; chegavam-se a ele e diziam: Salve, Rei dos judeus! e davam-lhe bofetadas. (Mc 15, 17-18) Não satisfeitos com o que fizeram a Jesus Cristo no processo de sua flagelação, seus detratores levaram-no para o Pretório e fizeram-no colocar uma túnica vermelha, onde o chamavam de Rei.Não bastasse as dores, ainda arrumaram um cetro e colocaram em sua mão, onde riam e zombavam dele. Tudo feito com uma violência extrema, dando-lhe inclusive socos, pontapés e cuspindo em seu rosto. Cristo sentia todas as dores, mas não falava nada. E Maria nos passos de Jesus. Seus olhares se encontravam e se fortaleciam na dor e na fé. Portanto, pensemos em Maria que se encontra com Jesus mais uma vez e desta vez ele está carregando a cruz, com a coroa na cabeça, mal podendo ficar em pé. |
MARIA AOS PÉS DA CRUZ

Finalmente chegam ao Gólgota, onde Cristo seria colocado na cruz. Assim fizeram os soldados. Não dividiram sua túnica, sortearam entre eles, conforme estava escrito nas profecias.
E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria mulher de Clopas, e Maria Madalena. Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. (Jo 19,25-30).
Após chegar ao local da crucificação e já sem forças para caminhar, Simão, o Cirineu, que ajudou-o a carregar a cruz, deixou-a do lado dele. Os ladrões que estavam para serem crucificados, foram imediatamente colocados na cruz. Segundo a tradição, quando foi a vez de Jesus Cristo, foi pregada primeiro a mão direita, com um cravo de ferro em seu pulso. Depois sua mão esquerda. Engancharam o patíbulo no estipe e os pés foram pregados na madeira, o direito em cima do esquerdo, porém atravessados com um único cravo de ferro. Estava literalmente pregado na cruz, derramando seu sangue. Da cruz, Jesus ainda se dirigiu aos apóstolos e o Pai.
MARIA EM NOSSAS DORES
Neste momento crucial, de fé e força, somos adotados como filhos de Maria, o que significa que Maria, também, faz parte da nossa Salvação. É interessante que todo o processo dos mistérios dolorosos são endereçados não somente ao sofrimento de Cristo, mas também a participação plena de Maria.
Podemos, portanto, dentro de nossas atividades de viver a Quaresma, colocarmos Maria e o terço como elementos de nossas orações para a absolvição de nossos pecados, assim estaremos bem mais próximos da Ceia Pascal.
No entanto, Maria está presente numa das cenas mais lindas e tristes do mundo da maior história da humanidade, tão bem esculpida por Michelangelo se chama Piettá. Pintores e poetas retratam com um realismo fascinante Maria com Jesus Cristo morto em seus braços. Basta pensarmos neste lirismo de dor e compreenderemos a grandeza de Maria e a sua presença na maior história do mundo.
Nos penitenciemos na Quaresma, Maria está com todos os seus filhos.

Prof. João Henrique Hansen – Pe. Rodinei C. Thomazella – Pe. Antônio S. Bogaz
Família de São Luís Orione