O DOMINGO 31 07

DESVELAR O MISTÉRIO
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Ouvimos a Palavra de Deus, revelada nas leituras bíblicas, particularmente no Evangelho. A proclamação do Evangelho é tão valorizada pela Igreja, que é antecipada por aclamações e, conforme o tempo litúrgico, por “aleluias e outras exaltações”.

Proclamado o Evangelho, dá-se a homilia. É um dos momentos mais esperados do repertório litúrgico e o bom epílogo da Liturgia da Palavra. Tem-se escrito muito sobre a identidade, características e composição destes minutos preciosos da celebração dos sacramentos. Compreendendo que os livros bíblicos foram escritos, sob inspiração de Deus, em diferentes contextos e culturas variadas, é urgente grande conhecimento linguístico, cultural e antropológico para fazer a homilia. Na simples repetição dos textos bíblicos, encontramos verdadeiras aberrações, onde se acredita que “repetindo o mesmo versículo, somos totalmente fiéis ao escritor sagrado”. O fundamentalismo bíblico revela incapacidade de interpretação, desconhecimento do contexto antigo e, muitas vezes, má intenção, pois se busca sempre as passagens que legitimem o que o homiliasta quer insistir. Deflagra-se aqui com a instrumentalização da Palavra, que o Documento de Puebla (1989) denunciou com veemência.

No livro “A celebração litúrgica e seus dramas” (Paulus: 2012). dedicamos um capítulo a este tema tão importante. Para desvelar o mistério proclamado na Liturgia da Palavra, exige-se habilidade de comunicação, humildade diante da Palavra, coerência e testemunho pessoais e conhecimento bíblico e da realidade atual.

Não se pode desprezar a homilia pois é “um elemento necessário para alimentar a vida cristã” (IGMR. n. 65), uma vez que ela é a explanação dos ensinamentos da Sagrada Escritura, como também os conteúdos da liturgia. Deve-se ainda valorizar o mistério que celebramos e as realidades dos fiéis.

Nosso Missal (n.66) insiste que seja o sacerdote celebrante ou concelebrante proferir a homilia, pois mais que expor as doutrinas cristãs e os ensinamentos bíblicos, a homilia é o momento de partilhar o mistério de Cristo, do qual o sacerdote é mediador eclesial.

Que não haja celebração festiva, sejam dominicais ou mesmo feriais nos tempos mais fortes da Ano Litúrgico, para que a comunidade cristã, que é alimentada pelo pão eucarístico, receba também a graça do alimento da Palavra.

 



Fonte: O DOMINGO – Semanário Litúrgico-Catequético –31/07/2016

Pe. Antônio S. Bogaz – Prof. João H. Hansen

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PBJH