O DOMINGO 17 07

VOZ DO SILÊNCIO
o domingo 10 07 aj

Muitas vezes, se denuncia que nossas liturgias são muito barulhentas e ruidosas. A formação étnica e o gênio cultural de nossa gente, que forma o espírito latino americano, promovem mais dinamicidade, movimentos e espontaneidade nas relações humanas dentro das assembleias. Também como reação à passividade dos fiéis e a monotonia dos ritos durantes séculos, sem nenhuma inculturação os novos modelos de relações humanas, levaram as equipes de liturgia e os ministros dos cultos a promoverem maior participação dos leigos, para que estes se integrassem melhor nas ações litúrgicas. Neste itinerário da vida litúrgica, despontaram gestos mais fervorosos, abraços mais fraternos, palmas e danças e outros instrumentos do repertório litúrgico, na conquista de celebrações mais ativas, conscientes e frutuosas. Trata-se de atender ao apelo do Concílio Vaticano II (SC 10), que se preocupa com o envolvimento da comunidade nos rituais. Na dificuldade de equilibrar estes bens de nossas celebrações eucarísticas, perdemos a dimensão do silêncio, sobretudo nos momentos mais elevados da Liturgia Eucarística e, dedicamos poucos momentos ao silêncio litúrgico. O excesso de palavras e gestos, tantas vezes vazios e repetitivos, minimizou o aprofundamento da mensagem divina e dificultou sua meditação. Homilias longas, instrumentos musicais excitados, comentários infindáveis tornaram-se a erva daninha da espiritualidade litúrgica. 

A Liturgia da Palavra, bem sabemos, é a integração do anúncio dos ensinamentos bíblicos, dos salmos de meditação, da hermenêutica da mensagem bíblica; no entanto, para sua interiorização é preciso silenciar o espírito, para sentir a presença do Espírito. O Missal, na sua introdução (IGMR, n. 55) nos recorda que “Deus fala ao seu povo revela-lhe o mistério da redenção e salvação e oferece-lhe o alimento espiritual. Pela sua palavra, o próprio Cristo está presente no meio dos fiéis. O povo faz sua esta palavra divina com o silêncio e com os cânticos e a ela adere com a profissão de fé”.

Deus fala e quando alguém fala, nosso coração silencia para sentir sua voz. Precisamos urgente resgatar a graça do silêncio. E como diz o provérbio: “silêncio não é apenas ausência de palavras, mas presença de reflexão”.

Evitemos a pressa, que dificulta o recolhimento, favoreçamos a meditação e projetemos momentos de silêncio, de quietude espiritual, conforme o espírito da própria assembleia. A igreja nos propõe momentos silenciosos depois da segunda leitura e, sobretudo depois da homilia (IGMR, n. 56).  Compete aos ministros da celebração e às equipes de serviço litúrgico a missão de equilibrar movimentos, leituras, orações e homilias. O silêncio é a argamassa que congrega todos estes componentes do repertório litúrgico.



Fonte: O DOMINGO – Semanário Litúrgico-Catequético –10/07/2016

Pe. Antônio S. Bogaz – Prof. João H. Hansen

 *****

PBJH