PALAVRA FECUNDA A EUCARISTIA
Desde os primórdios da Igreja, as ações litúrgicas integram a proclamação da palavra e o ritual sacramental. Na introdução ao Lecionário, a Igreja repete que “quando os fiéis escutam a Palavra de Deus, todos reconhecem que as maravilhas anunciadas atingem seu ápice no mistério pascal, cujo memorial é sacramentalmente celebrado na ceia eucarística” (n.24). Está evidente a unidade fundamental entre as duas partes fundamentais da missa; assim que sabemos que uma excelente participação da liturgia da palavra possibilita uma maior vivência da ceia eucarística. Por vezes, encontramos desequilíbrio entre as duas partes; e na maioria das vezes, certo descaso com a Proclamação das Escrituras, pelo grande devocionalismo eucarístico. Pela escuta atenta da Palavra, somos conduzidos à plenitude do mistério da ceia do Senhor, pois nos integramos na sua história, desde seu nascimento até sua glorificação; passando pela sua paixão, morte e ressurreição. Todos os textos bíblicos revelam para os fiéis a presença de Deus em nossas vidas, e sentimos sua integração em nossa própria caminhada neste mundo até a parusia final. Na Eucaristia, celebrada com profundidade, realiza-se o mistério pascal do Senhor, como se anunciou e se rezou nas leituras, nos salmos e na homilia. Sentimos vibrar intensamente a presença real do Senhor, e entendemos sua participação em nossas vidas. Embora nem sempre houvesse um bom equilíbrio entre as duas partes, a Palavra de Deus e o mistério Eucarístico foram sempre honrados pela Igreja. O Concílio Vaticano II nos ensina que a Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, com a mesma devoção como venerou o corpo vivo do Senhor nas espécies consagradas, uma vez que Deus está presente, também, na Proclamação da Palavra (DV 21).
Quando Orígenes, padre da Igreja antiga, fala da ceia eucarística, ele nos alerta para a importância dos dois momentos do ritual. Com firmeza ele admoesta: “quando vocês recebem o Corpo de Cristo, vocês o guardam com todo cuidado e veneração, para que não se perca nada do dom sagrado. Vocês se sentem culpados se algo cair e se perder por negligência. Se tomam tanto cuidado para guardar o Corpo de Cristo – e com verdade – como podem então pensar que seja uma culpa menor, desprezar a Palavra de Deus?” As duas partes do ritual da missa se pertencem, afinal a Palavra conduz à Eucaristia e a Eucaristia tem seu fundamento na Palavra.
Fonte: O DOMINGO – Semanário Litúrgico-Catequético – 22/05/2016
Pe. Antônio S. Bogaz – Prof. João H. Hansen
