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ASCENSÃO: REENCONTRO DIVINO

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A solenidade Ascensão de Jesus é celebrada no quadragésimo dia após o domingo de Páscoa, o que significa que cai sempre  numa quinta-feira. No Brasil, por questões pastorais, nós a celebramos no domingo, para que o povo possa participar.

A ascensão, devido a importância do evento na vida de Jesus Cristo, é considerada pelos estudiosos como um dos cinco grandes momentos evangélicos da vida do Salvador como o batismo, transfiguração, crucificação e a ressurreição.

A ascensão de Cristo é professada no Credo dos Apóstolos e no Credo do Concílio de Nicéia. Nos Atos dos Apóstolos,  a narrativa conta as aparições de Jesus após a sua ressurreição e vai até sua ascensão,  quarenta dias depois.  Jesus “apresentou-se vivo, dando disto muitas provas, aparecendo-lhes por espaço de quarenta dias e falando das coisas concernentes ao Reino de Deus”. (At 1,3)

Foi no Monte das Oliveiras que Cristo voltou aos céus: “Tendo dito estas coisas, foi Jesus elevado à vista deles e uma nuvem o recebeu e Ele se ocultou aos seus olhos.” (At 1,9).

Em sua narrativa, Lucas nos diz que  “enquanto Jesus os abençoava, afastou-se e foi levado ao céu. Eles voltaram para Jerusalém cheio de alegria.” (Lc 24, 51-52)

A Ascensão do Senhor pode ser entendida como o marco triunfante de sua jornada na terra, ao mesmo tempo que torna-se o auge da resssurreição, que é sua entrada na glória. Basta recordar os reis que simbolicamente colocavam à direita seus preferidos.

Nos tempos antigos, tínhamos o trono real, onde à direita sentavam-se membros da realeza. No cenário iconográfico, está Deus Pai  e Ele chama Cristo para juntos, à sua direita, para julgar os vivos e os mortos.

Fica evidente que a Trindade consagra a jornada de Cristo na terra e do Alto, Ele continua presente entre nós. Junto ao Pai, senta-se à sua direita (Mt 16, 19) e abençoa todo o universo (Mt 24, 51). Não podemos esquecer que, após sua humilhação no Calvário e sua passagem pela mansão dos mortos, nosso Senhor ressuscita e fica conosco para provar ao mundo sua ressurreição e depois diante de todos ascende aos céus.

A partilha do pão, na estrada de Emaús, é o prenúncio do seu retorno a Deus, pois com a partilha o pão, como símbolo do mistério pascal, Ele anuncia sua entrada na glória divina (Lc 24, 16). O último gesto que Jesus faz na terra é abençoar as pessoas que ali estavam presentes. Eles representam todos os habitantes do planeta. É na realidade a bênção divina que irá sustentar a vida de todos os povos, os quais serão unidos pela fé e por  seus ensinamentos. Eis a mística desta solenidade: Jesus abençoa a humanidade e ascende aos céus junto a Deus Pai.


A TRINDADE E A ASCENSÃO

Aprendemos, então,  que com a volta de Jesus a Deus, a sua presença corporal  é substituída pela sua presença espiritual.

Depois deste final glorioso na terra, começa a ser realizada as suas promessas, como Ele mesmo afirma, na celebração litúrgica, que retoma seu discurso sacerdotal no Quarto Evangelho:  “quem me ama permanece em mim e eu permaneço nele e juntos vivemos no amor do Pai”. (Jo 14, 23).

Aprendemos também, com Santo Agostinho,  que a Trindade divina vem a nós quando nós vamos em sua direção.  

A Trindade nos traz paz, ilumina o espírito e nos alegra a vida. Jesus retornando a Deus, dá-nos em troca a presença da Trindade no mundo.

Deus se faz presente no mundo através da ascensão de Jesus. A Trindade habita também o espírito dos fiéis, sendo este o maior dom divino que é ofertado aos seres humanos. Este dom é merecido através da Ressurreição e demonstrado por Cristo com sua ascensão. 

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O MENSAGEIRO

Através do mistério da volta a Deus,  Jesus nos ensina que precisamos entender seu mistério como uma graça divina, concedida por Deus àqueles que semeiam o dom da fé e da esperança.

Deste modo poderemos praticar a caridade e viver o pacto eterno da Aliança a cada  dia de nossa vida.

Jesus deixou seus apóstolos e discípulos com a missão de evangelizar e fecundar o mundo através do amor de Deus.

Com a Ascensão de Cristo que volta junto à Trindade, o Espírito vem iluminar os nossos caminhos, para que possamos através da mensagem de amor que nos foi legada, passar de geração a geração esta verdade, para que todos tenham Cristo em seu coração.

Aqueles que olhavam Cristo voltar ao Pai, tiveram a graça de ouvir a voz dos anjos: “De repente surgiram diante deles dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: “Galileus, por que vocês estão olhando para o céu? Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado ao céu, voltará da mesma forma como o viram subir”. (At 1,10-11)


 

INÍCIO DA AÇÃO MISSIONÁRIA DA IGREJA

É necessário entender que a Ascensão de Cristo é o ponto de partida para começar a ser testemunhas e evangelizadores de Cristo.

Jesus glorificado está presente por meio dos que creem em sua Palavra e deixam que o Espírito atue em cada um de nós.  “Ide a todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura”.

A Ascensão é antes de tudo uma mensagem missionária. Sua presença continua com seus discípulos e acompanha a sua missão evangelizadora.

De fato, Lucas escreveu seu Evangelho através da inspiração divina e igualmente redigiu os Atos dos Apóstolos,  depois que Jesus ressuscitou e voltou ao coração da Trindade.

É interessante lembrar que isto se torna a história do início da Igreja. São os  tempos fundacionais, onde a mensagem cristã começa a ser proclamada como uma doutrina nova que se inicia com os apóstolos e discípulos e que percorrerá o mundo inteiro.  

É tão maravilhoso o desenrolar da vida de Cristo, que cada momento que passou aqui na terra foi para nos ensinar a ter fé e acreditar no amor ao próximo.

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Todos os seus ensinamentos e toda a sua vida, mesmo que bastante breve,  mostraram que Deus,  ao enviar seu filho unigênito para conviver entre os homens, tinha como missão plantar  Deus para o coração dos homens.

Nosso Salvador  vem e sofre grandes injustiças. Ele  vem para salvar  e o condenam;  vem para ensinar e poucos entendem. Com Pentecostes,  o Espírito Santo finalmente coloca a sabedoria na mente de seus apóstolos, que, finalmente, entendem o que o Filho veio fazer na terra.

A Luz que foi derramada pelo Espírito Santo em Pentecostes. Foi o clarão que eles tiveram de uma forma tão imensa que puderam entender que Cristo estava unido a Deus e voltara para seu lar divino. Como Ele, um dia seremos levados ao Pai, na plenitude de nossa existência. Iremos ao  encontro a Cristo. Foi este fato, que naquele momento pareceu uma despedida e que, depois de Pentecostes, foi compreendido e ensinado por todos  que receberam este dom.


DO CALVÁRIO À ASCENSÃO

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A Ascensão de Cristo não pode ser compreendida apenas como uma partida para o céu, mas sim como o começo de uma Igreja que trouxe todos os valores humanos para os homens, que fez com que cada um pudesse entender a trajetória de Deus Filho neste mundo, para transformá-lo para o bem.

Por seus momentos antológicos, como o  batismo, transfiguração, crucificação, ressurreição e ascensão,  Jesus fez sua trajetória  ter uma sequência de revelações,  que nos colocam diante dele depois da morte numa certeza completa de nossa fé. Este é o mistério de nossa celebração da Ascensão. Contemplar Jesus e seguir seu caminho.

 

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Prof. João H. Hansen – Pe. Rodinei C. Thomazella – Pe. Antônio S. Bogaz

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