Espaço da Celebração


O ESPAÇO DA CELEBRAÇÃO, IMAGEM DA IGREJA

VALE ESSE1

Quando entramos numa igreja, seja antiga ou moderna, nossos olhos vão sempre em direção ao altar. Parece que Deus nos convida e está ali para receber-nos. Sabemos que lá é o centro de nossa fé cristã. Impossível pensarmos em outra coisa, pois sabemos que neste altar toda vez que se celebra o memorial da Páscoa, nas nossas missas, Cristo se faz presente através de seu sacrifício e de sua ressurreição. Na Instrução Geral do Missal Romano, encontramos: “O altar, onde se torna presente o sacrifício da cruz sob os sinais sacramentais, é também a mesa do Senhor na qual o povo de Deus é convidado a participar por meio da Missa; é ainda o centro da ação de graças que se realiza pela Eucaristia” (n. 296).

Desta maneira fica mais simples ainda de entender, o altar é uma memória permanente, logo o altar é o próprio Jesus Cristo. Na centralidade deste altar, sentimos na celebração litúrgica a visão do altar do sacrifício eucarístico, onde os fiéis se reúnem em sua volta para o banquete pascal, impulsionados pela fé nesse mistério.

Hoje, nos parece tudo mais próximo, pois desde o Vaticano II muita coisa mudou e para melhor, de modo que participamos com mais entusiasmo e alegria nas celebrações litúrgicas depois deste concílio.


Recordamos alguns itens que nos levam ao verdadeiro Cristo através desta revitalização do espaço litúrgico. Os sacerdotes rezavam a missa de costas para os fiéis. Hoje, temos os braços destes sacerdotes e seus rostos celebrando e trazendo o Cristo muito mais visível do que antes, pois tudo o que acontece no altar, estamos diretamente participando deste banquete Pascal.

O coral ficava no mezanino da igreja e sua participação na celebração somente com músicas sacras, permitidas, nos dava uma sensação de tristeza. Hoje, junto com nossos corais, cantamos, batemos palmas, sentimos a vibração de todos os fiéis e juntos participamos da celebração com alegria e emoção.

Na época a missa era em latim, poucos entendiam e muitas pessoas aproveitando o silêncio, rezavam o terço. Hoje, todos participam juntos e a língua que ouvimos é a que todos falam, nos sentimos mais completos.

Os padres eram obrigados a rezar uma missa por dia e sozinhos, hoje podemos reunir vários padres numa celebração, tornando-a muito mais comunicativa e prazerosa.

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Os casamentos eram realizados com um ritual muito fechado, excessivamente rígido, somente músicas permitidas e os padres não podiam ser comunicativos durante a cerimônia, seguiam o ritual do sacramento e praticamente era só isso. Hoje, os conjuntos tocam, as músicas são escolhidas pelos noivos; a família, padrinhos e amigos rezam e cantam juntos e se encantam, não somente na decoração dos altares, mas da igreja como um todo. Se gostamos de flores em casa, o que diremos das nossas igrejas, queremos vê-las lindas por fora e por dentro. 

Hoje a liturgia nas nossas celebrações mudou bastante, utiliza-se em muitas igrejas data show para que os fiéis possam acompanhar a missa e suas músicas através de um telão.

O povo de Deus, que se reúne para celebrar o mistério pascal de Cristo, forma uma assembleia orgânica. Ela expressa-se por várias funções e ações, em diversos momentos da celebração. A disposição geral do edifício sagrado deve ser tal que ofereça uma imagem da assembleia reunida, permita uma conveniente disposição de todas as coisas e favoreça a cada um exercer corretamente a sua função (cf. Instrução Geral do Missal Romano, 294).

Não podemos esquecer-nos do ambão, devemos sempre lembrar que é da escuta da Palavra que vamos encontrar a conversão seguida do batismo. Lembremos que no cristianismo primitivo a liturgia da Palavra era chamada de “liturgia dos catecúmenos”, porque esta parte da celebração era aberta também aos que queriam ser cristãos. Há portanto uma mesa da palavra e uma mesa do pão. Uma nutre os fiéis com o pão eucarístico e a outra com as palavras que os levam a Deus e seus ensinamentos.

É a assembleia do Senhor que põe a Igreja em continuidade com o Velho Testamento, e portanto continua a chamá-la Povo de Deus. Lembramos-nos de Moisés, através dos textos que Deus lhe ditou e que foi transmitida de geração em geração. Chama-se Torá o conjunto destas normas do povo judeu e o mais importante de tudo era ouvir os mandamentos do Senhor na sinagoga e a sua participação prática na vida de cada um. 

Em algumas igrejas temos o batistério muito bem localizado, pois a arquitetura mais antiga dava um realce maior à fonte batismal. Com a construção mais moderna e mais simples das igrejas a partir dos anos 60 do século passado, algumas não construíram batistérios, preferindo que a fonte batismal fosse colocada no altar durante os batizados.

De qualquer maneira é importantíssimo ter no espaço litúrgico um lugar para o batismo, mesmo que provisório, lembrando que há igrejas muito pobres espalhadas pelo mundo, pois se trata de um momento importantíssimo na vida do cristão, enraizado na escritura e que é base de toda a teologia.

Podemos dizer que a partir do batismo, o neófito passa a ser membro do Povo de Deus e do Corpo de Cristo. Nenhum fiel deixa de levar seus filhos para serem batizados, pois o próprio Cristo também o foi, sem mesmo ter a necessidade, foi como se nos desse um exemplo do que o fiel deve fazer na sua vida. O núcleo deste sacramento é o rito que acompanha a passagem da água quando o sacerdote, em nome de Deus diz: “eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Precisa-se superar o pensamento de que o espaço celebrativo deve ter uma estrutura bipartida ou bizonal, com apenas dois polos: o presbitério (lugar dos ministros) e a nave (lugar do povo cristão).

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Toda a igreja é um espaço litúrgico para a celebração, não podemos imaginar que seja somente os três citados (mesa do altar, ambão e batistério), a procissão de entrada, as oferendas, tudo passa a ser o espaço celebrativo.

Alguns arquitetos modernos dizem que o principal é que haja luz na igreja, pois se Deus é luz, seu povo também precisa dela, de modo que a iluminação hoje é bem mais clara do que antigamente. As igrejas medievais eram escuras e somente ficavam com claridade com a luz de velas. É comum ver lustres gigantescos, adaptados posteriormente para a energia elétrica nestes templos, mas a luz sobre o povo de Deus é bela, porque ilumina todo o espaço e ilumina todos que participam.

A presença do sacerdote que preside a Liturgia é Cristo na pessoa do presidente da assembleia litúrgica. É o nosso padre que preside a Eucaristia, Cristo está presente com seu sinal sacramental.

SANTUÁRIO NACIONAL DE NOSSA SENHORA APARECIDA – É o maior centro de ação e irradiação evangelizadoras do País. Desde a inauguração da capela, em 1745, tem uma característica especial: recebe peregrinos durante todo o ano.
Aparecida – SP (Igrejas e Templos/ Roteiro Turístico Religioso/ Estâncias Paulistas/ Turisticas) – Localização: S 22º 48.450´ – W 45º 11.115´
Crédito Obrigatório: Miguel Schincariol

A atuação do sacerdote que preside a assembleia é o verdadeiro representante de Jesus Cristo, a Igreja o colocou diante de todos e é ele quem vai presidir a celebração, para isso há sempre um lugar de destaque no altar, onde ele deverá sentar.

Como lemos na nova Instrução Geral do Missal Romano: “A cadeira do sacerdote celebrante deve manifestar a sua função de presidir a assembleia e dirigir a oração” (n. 310).

Entendemos que se trata portando de uma cadeira presidencial, que de certa forma, evoca a presença invisível do Cristo que preside a Liturgia na pessoa do sacerdote.

Como vimos, quando entramos numa igreja nosso olhar direciona o altar, mas devemos prestar atenção em todos os cantos da igreja, ela é o espaço da celebração e tudo nela é importante para nós.

Pois lá está a pessoa mais importante – Jesus Cristo – sempre nos esperando para juntos, partilharmos do mesmo pão.

 



Pe. Antônio S. Bogaz – Prof. João H. Hansen: orionitas

Autores de Quaresma: símbolos, sinais e teologia. Editora Recado. 2014.

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