CRONICA 11 06

DEPOIS DO VENDAVAL, A UNIÃO E A FÉ

JUNTOS NO SANTO ANTÔNIO

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E de repente veio a chuva de granizo. Inesperada. Pedras caindo do céu, ou melhor das nuvens, chamadas pelos meteorologistas de cumulonimbus. Ver para crer, pedras enormes, algumas do tamanho de um ovo  foram pipocando pela cidade.

Os motoristas se apavoraram, tetos dos carros sofrendo pedradas inimagináveis e os telhados, então, sofreram buracos onde caíram as maiores pepitas de água congelada. Após minutos de terror, veio o saldo. Que tristeza.

O telhado da Capela Santo Antônio virou uma peneira, assim como para tantos outros donos de telhados. É certo que reclamamos quando falta água e quando cai água demais, também lamentamos. Mas quando vem uma tempestade dessas nem sabemos como nos expressar, porque é uma surpresa apavorante.

Logo após o vendaval, as pessoas correram para ver os seus estragos. Assim fez, também, a comunidade  de Santo Antônio, ainda mais em tempo de festa do padroeiro. Chegou o casal de anjos, o João e a Emília, a Cacilda foi chegando seguida do Celso e da Cleuza. Olharam para os estragos.

– Desta vez, a coisa foi feia  – disse o João.

Eu somente rezava para acabar logo – completou  a Emilia com seu jeitinho delicado.

– Foi bem inesperado, meu Deus –  falou a Cacilda com certo realismo.

– Bem – olhando para os demais, Celso perguntou – o que vamos fazer?

Pensaram, pensaram, não reclamaram com São Pedro, nem com ninguém. Ficaram ali os cinco para tomar uma decisão.

– Temos a festa e tudo mais. Temos procissão  – falou Robertinha, irmã da Taysa

–  Vamos arrumar o telhado, vamos arranjar dinheiro, emprestamos, não importa – falou Roberto da Célia.

– A festa de Santo Antônio vai acontecer, não vai? – decidida, falou a Célia Dietrich.

– Mais que tudo – disse a Maria Emília – temos a fé em Deus e somos devotos de Santo Antônio.

– Isso mesmo, e ele nos ensina a lutar de mãos dadas. –  disse a Lucinha do Claudinho.

O Claudinho interveio:

– Nem imaginam como o Zé Luís e a Soninha Zanão estão correndo lá na Matriz.

– A cidade toda entra na mesma correria. Agora se nota a união e a coragem das pessoas – disse a Cacilda.

Todos olharam para todos e todos concordaram. Quem falou? Ninguém nem lembra mais porque o principal é que todos tiveram o mesmo pensamento.

Assim resolveram chamar mais pessoas da comunidade e pedir a ajuda de todos, para que um mutirão pudesse ser feito e todos trabalhassem com afinco na reforma do telhado. Tudo em, homenagem a Santo Antônio, a motivação maior do coração de todos.

Na TV Claret, passava uma reportagem da Vlada sobre o acontecido. Uma belíssima reportagem da nossa jornalista muito querida, assistida por milhares de pessoas. A Vlada registrou este dia complexo com muita classe e mostrou o desespero de muitas pessoas que viveram também este caos com seus carros e telhados.

Nesta hora temos que dar graças ao bom Deus que ninguém morreu durante o vendaval, apenas prejuízos financeiros.

Agora de telhado novo, correr atrás do prejuízo. O importante é saber que em momentos de desespero não adianta entrar em pânico. Isso não vai resolver nada. Muito menos, blasfemar.

Temos que enfrentar os problemas, quando eles aparecem e da melhor maneira possível. Por certo, pensamos também no dinheiro e no prejuízo material. Claro, não é fácil para ninguém, com esta falta de empregos, com a inflação salgando a vida da gente, com os preços aumentando dia a dia no supermercado. Mais uma vez os pobres são os que mais padecem.

E a vida sempre nos dá lição. Nesta hora, confiamos que se nos unirmos sempre que for necessário, enfrentaremos os vendavais da vida juntos. Tantos vendavais, todos os vendavais.  Para isso temos o melhor que alguém pode ter, um coração pronto para atender os amigos. Uma fé tão forte que nos dá esperança e força, uma união tão grande que nos fortalece e uma grande solidariedade. Ironicamente, sem reclamar com ninguém acima das nuvens. São coisas da natureza. Santo Antônio vai nos abençoar e nós vamos para sua festa no dia 13. Será o dia inteiro de festa. Benção, bolos, pães, procissões, rezas e quermesse. Na Vila Paulista.


Antônio Sagrado Bogaz – Prof. João Hansen