CRONICA 02 07

CRANÇAS EM FÉRIAS

DIVERTINDO-SE EM FAMÍLIA

foto cronica 02 07 aj

Estamos sempre conversando com as pessoas e desta vez o motivo foi o mês de julho, mês de férias de toda a garotada.

Não sei o que fazer com o Luca e o Guilherme –  disse a Luciana do Carlos Alberto Machado.

Vou ajudar a cuidar do Murilo e da Sophia, os filhinhos da  Bianca e do Junior, disseram a Cláudia e o Dirlei, os avós.

–  Vocês gostam de cuidar deles, não  é mesmo, observou a Ângela do Rui.

Com certeza, disse a Teca do Cláudio, a mãe da Yasmin

– A Marcela foi rápida e quase irônica. Os meus, Pedro e o Davi , já estão grandinhos,  Ficam sozinhos e inventam mil coisas.

E têm juízo, graças a Deus –  disse o Luciano Mendes,  o pai

Não quero que os meus  fiquem na televisão e no computador o tempo todo.

Estas férias acabam com a gente, a gente fica sem saber o que fazer com os filhos.

Férias de inverno, como se no Brasil tivéssemos grandes invernos.

Mas é friozinho, um pouco mais de frio, é até gostoso – completamos.

Todos os anos acontece a mesma coisa. As famílias e principalmente as mães criam rotinas para seu cotidiano. Levantar – e como levantam cedo – vestem as crianças, preparam o café da manhã, se arrumam, preparam os lanches e saem correndo para a escola e depois para o trabalho. E tudo isso até oito da manhã. Como dizia o poema alemão: “Zu spät, zu spät” (tão tarde, tudo tão tarde).  Não se pode perder um minuto se quer. Se demorar um pouquinho mais na escovação, se ficar se espreguiçando uns minutinhos, estoura o tempo. Mesmo se demorar mais para achar o fósforo, para acender o velho fogão, ficamos atrasados. E não pode chegar atrasado na escola. E no trabalho, muito menos, com esta crise de emprego que os governantes orquestraram qualquer repetição de atraso se torna motivo para “rua”!

Bem, o fato é que as férias chegaram e as crianças estão mais tempo em casa. Muito mais tempo, o dia inteiro. A gente até inventa umas atividades de férias, uns dias no acampamento, mas mesmo assim, sobram dias.

Nem pensar em se irritar e nem fugir dos fatos. Porque não se concentrar um pouco, silenciosamente e pensar: este mês vamos inventar coisas para fazer com nossos filhos; voltar para casa mais rápido, abandonar as velhas e tolas novelas, nem ligar a televisão naqueles programas boçais do começo da noite. Se a gente reclama que os filhos não saem do computador, porque a gente não deixa a televisão descansar um pouco nas férias.

As férias são coisas maravilhosas, todos dizem, mas desorganizam nossos programas  cotidianos. Todos criticamos a monotonia, mas a monotonia nos organiza e nos permite fazer mil coisas. Por isso, é bom sairmos da monotonia, embora ficamos meio perdidos e nos angustiamos sem saber como usarmos as horas com os filhos.

É lamentável que nos perdemos quando as circunstâncias da vida, de cada dia, muda e ficamos bem confusos. Quando trocamos de cidades, de trabalho, de escola, ou qualquer outra coisa, ficamos meio desolados, mas é o momento de redesenhar a própria vida.

Devemos sempre nos reinventar, criar situações novas, fazer com que o dia tenha valido a pena. Com as crianças podemos inventar um passeio, um cinema, um jogo instrutivo com eles, fazer das férias algo diferente, sem as mesmices que acabam acontecendo. Quem tem condições inventa viagens para algum lugar, mesmo que seja somente por dois ou três dias.

O importante nas férias é preencher o vazio escolar com coisas boas. Outro dia escutamos uma menina dizer para a outra:

– Nas férias vou aprender como ser um chefe de cozinha!

Quem sabe é o caminho dela na vida, torna-se famosa com comidas, basta olharmos em cada um e começarmos a investigar o que querem e ajudá-los a se descobrir, também.

 Antônio Sagrado Bogaz – Prof. João Hansen