CRENÇAS E RELIGIOSIDADE NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA – conclusão

CRENÇAS E RELIGIOSIDADE NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

TODAS

Paróquia Nossa Senhora da Saúde

Após leituras, discussões e pesquisas, procurando confrontar visões culturais e abordagens religiosas, concernentes à geração da vida e o destino humano, aprofundamos o fenômeno da religião e das crenças dentro da sociedade contemporânea, considerando as práticas de vários grupos religiosos, assim como a resposta das várias ciências para este argumento.

Recordamos a frase emblemática que soava pelas ruas de Paris em tempos de monarquia: “o rei está morto, viva o rei”. Parafraseamos igualmente: “a religião está morta, viva a religião”. Reconhecemos que este é um tempo onde o fenômeno religioso, “pediu carona” nos instrumentos contemporâneos de comunicação e de organização social e voltou a imperar em tantos espaços sociais e políticos.

A própria religião extrapolou os limites dos templos e entrou nos estúdios de radio e televisão, nas redes sociais, nos espetáculos musicais e tanto mais. Mas isso merece uma séria apreciação, pois existem muitas controvérsias no exercício dos ritos, na pregação das doutrinas e na organização de seus sistemas operacionais. Descobriu-se há séculos que a religião é carregada de culturas e ideologias. Evidenciou-se nestas décadas que a religião é embebida de interesses financeiros e econômicos.

O sentimento religioso difere-se, portanto do fenômeno religioso, que por sua vez se distancia da organização religiosa. Praticar uma religião saudável, coerente e sem hipocrisia é o que se espera para todos os fiéis neste novo milênio.

As religiões não somente acompanham a história, mas, também podem transformar para recompor suas teodicéias, para enfrentar os deslocamentos no mercado de bens sagrados e fornecer credibilidade às experiências dos homens.

A experiência caótica coletiva, nesta pós modernidade, faz com que as religiões tradicionais respondam a este processo, procurando reinventar-se no âmbito dos seus próprios quadros institucionais. Por outro lado esta situação oferece oportunidade, também, para experimentos religiosos inovadores, que procuram ocupar os espaços abertos e oferecem novos caminhos. Mesmo considerando que muitas destas práticas religiosas são fortemente questionáveis, não se pode ignorar que elas conseguiram êxito.

O século XX foi marcado por grandes mudanças sociais como a migração de povos e de pessoas, o entrelaçamento de culturas e de religiões, que produziram o encontro de diferentes tradições e fecundaram modos sincréticos de conferir sentido às estruturas sociais da modernidade. As grandes profecias de um mundo sem religião que afloravam algumas décadas atrás, perderam suas interjeições. Os profetas dos deuses da tecnologia, das ciências racionais e das pesquisas cientificas diante da explosão de práticas míticas, místicas e ritualísticas que se espalharam pela aldeia global ficaram, evidentemente, surpresos. Porque, então, voltou a prática religiosa com tanta força e tanta procura na sociedade contemporânea, convivendo com a razão, com as ciências naturais e com as novas descobertas científicas?

O homem moderno conserva traços de valores religiosos que o culto à matéria, a massificação e a dessacralização do mundo não consegue apagar.

A psicologia entende isso como uma necessidade de filiação, proteção e harmonia, onde o sentimento de pertencer a um grupo, são comuns aos seres humanos. A participação em uma comunidade religiosa cumpre em grande parte esta necessidade em função do engajamento nas atividades e trabalhos exercidos na igreja a que pertencem.

A opção por uma crença, no sentido de uma opção religiosa podemos dizer que tem seu início com o nascimento dos filhos. Os pais, dependendo da sua opção religiosa, engajados na mesma, ou ate mesmo por uma tradição familiar buscam seus caminhos.

A opção dos pais muitas das vezes, com o passar dos anos, especificamente com a maioridade os filhos, dependendo do grau ou do ramo dos estudos e até conhecimento acerca dos meios científicos são levados a optarem por outro caminho, mas faz parte da liberdade do individuo, que está livre de qualquer intervenção de poderes constituídos ou instituições, optar pela sua liberdade religiosa.

A procura pela comprovação da influência da espiritualidade na saúde e bem estar do indivíduo deixa de ser um assunto abstrato, faz a espiritualidade sair da subjetividade, com várias pesquisas apontando tanto para resultados positivo como também para resultados sem alterações físicas, mas nenhum aponta com resultado prejudicial a saúde. Isto demonstra um campo aberto que favorece sempre novas pesquisas e observações a serem desenvolvidas.

A religião também está na mídia. Na religião católica, o Concílio Vaticano II tratou especificamente deste tema e elaborou um documento “Inter Mirifica”. É um documento reconhecendo que a ação pastoral deve utilizar os meios de comunicação, suas tecnologias hoje apresentados, pode-se inferir que todas as denominações religiosas buscam o espaço na mídia.

Resumindo, podemos entender que apesar de tanto proclamarem que a religião estaria morrendo, ela se renova cada vez mais, envolvendo neste processo o próprio conhecimento do indivíduo, sua crença, sua religiosidade e sua formação ética. O conhecimento científico não interfere na escolha de como aplicar a sua religiosidade, pois a mesma é motivada pela busca da essência espiritual e da crença que o homem ministra em sua função.


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Conhecendo o nosso grupo… 

sophos

Membros do Grupo de Reflexão Sophos 

GRUPO DE REFLEXÃO SOPHOS: é um grupo composto por estudiosos de várias áreas do conhecimento: Antônio Sagrado Bogaz, teologia; João Henrique Hansen, literatura e bioética; Leila Marrach Basto de Albuquerque, sociologia; José Maria de Camargo Barros, atividade física e saúde; José Sílvio Govone, ciências estatísticas; José Carlos Benetti, engenharia; Josiane Lazarini, enfermagem e artes; Lucilia P.S.C. Barros, problemas de aprendizagem; Maria Aparecida Govone, ciências contábeis; Maria José Ossick, ciências jurídicas; Marcos Tadeu Borges, psicologia; Marcos R.Vaz Pinto, pedagogia e Nanci Bissoli. É um grupo multidisciplinar interessado em aprofundar e refletir temas pertinentes da realidade contemporânea. Constituído em 2010, com o propósito de discutir temas controversos, aprofundou leituras, discussões e pesquisas, procurando confrontar visões culturais e abordagens religiosas, com sistemas legistas e quadros sociais. Estudou primeiro, questões concernentes à geração da vida e o destino humano. Aprofundou análises dos fenômenos religião e crenças na sociedade contemporânea, considerando as práticas de vários grupos religiosos, assim como a visão de várias ciências sobre este tema. Destas leituras, reflexões e discussões, produziu este breve trabalho ora apresentado.