CONVITE DA JUSTIÇA PARA A FESTA DA MISERICORDIA

CONVITE  DA JUSTIÇA

 PARA A FESTA DA MISERICÓRDIA

 “Praticar a justiça, amar a misericórdia e caminhar com Deus” (cf. Mq 6,8).


“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça”(Jo 1,8).
 
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Movimento Pró Hospital – Paróquia Nossa Senhora da Saúde e entidades parceiras 
Neste momento de desordem política, social e interrogações que nós fazemos, é interessante notar que a preocupação da Igreja é confiar, que apesar de tantos problemas que nos circundam, temos em Cristo os caminhos para atravessar este pântano atual do século XXI.
 
Nossa mente vagueia entre a corrupção, países em desalinho, sociedades quase falidas pelo horror de guerras, atos de terrorismo, fome, falta de atendimento na saúde, segurança, educação que nos deixam à beira do abismo. Mas eis que vem do alto, o Salvador nos dar a mão através de seus ensinamentos.
 
Afinal, o que os cristãos queremos é justiça e misericórdia. Nos sentimos injustiçados pelo que estamos passando, mas através da misericórdia de Deus, estamos sendo consolados neste momento. Vemos que a única liderança que temos, é de Cristo que nos aponta um caminho de salvação nesta balburdia social e política. Nossa fé que nos transporta neste caminho de orações e amor e nos aponta caminhos e nos ensina a lutar por justiça e misericórdia. Este é um convite divino para os cristãos.
 
O tema “Para que nele nossos povos tenham vida” e o lema “Praticar a justiça, amar a misericórdia e caminhar com Deus” (cf. Mq 6,8), foram escolhidos pela Comissão Bíblico-Catequética pela CNBB para este ano. Nem é preciso imaginar o motivo de ter sido escolhido. É tão evidente e tão atual; necessário e urgente. 
 
 
 

TRADIÇÃO BÍBLICA DA MISERICÓRDIA E DA JUSTIÇA

Não faltam textos inspiradores na Palavra de Deus. Toda homilia  encontra elementos suficientes para uma análise hermenêutica, trazendo os ensinamentos de Cristo e do Profeta Miquéias.
 
Não há justiça sem misericórdia, não pode haver misericórdia sem justiça. Desde o Antigo Testamento, Deus nos ensina que nem tudo neste mundo é como deveria ser, que estamos sempre à frente de dificuldades, que na maioria das vezes são causados pelos nossos dirigentes que não praticam a justiça. Eis que Deus nos reconforta ensinando que quem pratica a justiça, a misericórdia, a benevolência, estará mais próximo dele para enfrentar estas intempéries de nossos dias.
 
Para não perdermos a esperança, vivemos tempos de Francisco. Ele anotou um ano para rezarmos e vivermos a graça da bondade divina, que nos fortalece na caminhada. É um ano cheio de esperança, pois o Papa Francisco abriu as portas no ano do Jubileu extraordinário da misericórdia para nos acolher e nos confortar diante de tantas obras ruins que nosso povo e especialmente os pobres são obrigados suportar.
 
 
 

CLAMORES DE MIQUÉIAS PARA NOSSOS DIAS

Vemos que os problemas hoje apresentados, não diferem muito da época de Miquéias. O livro de Miquéias se encontra na ordem do sexto livro dos doze profetas menores da Bíblia do Antigo Testamento e vem seguida de Jonas e antes de Naum. É um livro extraordinariamente profético. Lendo, não acreditamos que ele tenha aproximadamente 2.700 anos. Vemos que seu enfoque é baseado na condenação dos ricos que exploram os pobres. Miquéias procura denunciar os governantes, sacerdotes e os homens ricos de Jerusalém e também da Samaria. Interessante, podemos pensar inclusive que é escrito neste momento, mas não é. Porém o tema é bastante atual, pois os falsos profetas e as autoridades políticas e religiosas da época de Miquéias estavam enganando e roubando o povo, exigindo inclusive presentes e propinas. Miquéias, entre tantas mazelas, denunciadas fala da cobiça, dos roubos imorais, do planejamento para os roubos, a balança desonesta que não entrega o valor da mercadoria pelo preço correto e também, incrível, fala do crime organizado. Diante dos problemas que existiam, entendemos o que o profeta nos fala, pois vivenciamos este momento no mundo atual de uma forma cada vez maior. E como combater tanta injustiça?  Jesus Cristo nos ensina a lidar com os problemas que estamos enfrentando.
 
“Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,6 – 7).
 
O Papa Francisco disse que a humanidade se encontra muito machucada, ferida terrivelmente e que traz cicatrizes demais, além de conviver com a dor da incerteza. Recorda que “cada enfermidade pode encontrar na Misericórdia de Deus um socorro eficaz”. A Misericórdia de Deus está no Evangelho, ensina o Papa, trata-se de um livro aberto para “ler e reler” com “gestos concretos”. Encontramos na bíblia, os ensinamentos que precisamos para as nossas atitudes do dia a dia.
 
Queremos viver este Ano Jubilar à luz desta palavra do Senhor: Misericordiosos como o Pai. O evangelista refere o ensinamento de Jesus, que diz: « Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso » (Lc 6, 36). É um programa de vida tão empenhativo como rico de alegria e paz. O imperativo de Jesus é dirigido a quantos ouvem a sua voz (cf. Lc 6, 27). Portanto, para ser capazes de misericórdia, devemos primeiro pôr-nos à escuta da Palavra de Deus. Isso significa recuperar o valor do silêncio, para meditar a Palavra que nos é dirigida. Deste modo, é possível contemplar a misericórdia de Deus e assumi-la como próprio estilo de vida (Misericordiae Vultus – Bula de Proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia). 
 
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Imagens do Filme Coração Imaculado, a vida e obra de Bárbara Maix
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Através do Evangelho somos convidados a entender Cristo, que com seu ensinamento nos faz entender as dificuldades que temos e como podemos sair delas através do que nos ensina. Cristo veio à Terra para nos mostrar o Reino de Deus. Se imaginarmos a beleza que é nosso planeta, já chamado de planeta azul, pois é assim visto pelos astronautas e pelas imensas fotos que foram tiradas, temos nossa moradia num verdadeiro paraíso, o Reino que Cristo veio mostrar. No entanto,  os homens foram estragando-o ecologicamente, espoliando seus bens quer físico e morais, onde hoje vivemos um caos. Sempre lembrando Miquéias que profetizou este cenário que parece quase eterno.
 
 
 

CLAMOR DE CRISTO: VOCAÇÃO À MISERICÓRDIA

Cristo nos legou o maior dos nossos bens que é a Páscoa, a ressurreição prometida para todos. Mas não foi só o sentido máximo da Ressurreição que Deus nos legou; para que seu reino aqui tivesse êxito é necessário que haja justiça e misericórdia.
 
Com efeito, eu vos asseguro que, se a vossa justiça não ultrapassar a dos escribas e a dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5,20).
 
Precisamos ser justos com os demais e termos portanto justiça para conosco, a fim de que haja vida e paz entre os seres humanos. Vai também depender dos homens o sentido da misericórdia, para recebermos e  doarmos.
 
Uma das parábolas mais belas de Jesus Cristo é chamada de O filho pródigo, mas na realidade deveria ser conhecida como o Pai misericordioso. Recordamos os gestos maravilhosos inseridos nesta bela história.
 
Trata-se do filho que pede sua parte na herança, o pai concede, ele vai embora e esbanja toda a fortuna que o pai lhe deu. – eis o pecado da injustiça, da ganância.
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Imagens do Filme “Frei Galvão,
o Bandeirante de Cristo” 
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Passa fome e é tratado pior do que os porcos – eis a realidade gerada pela ganância do filho. Volta para casa, pedindo perdão ao pai – eis o caminho da conversão. É recebido pelo pai misericordioso – eis a misericórdia.
 
O pai faz-lhe inclusive uma festa, veste-o de novo e aceita-o como filho novamente. O ato da misericórdia está aqui, é muito mais do que um perdão. O perdão seria simples, a misericórdia é completa.
 
 
Nesta parábola ainda existe o irmão mais velho que reclama do que o pai fez, mas o ato de misericórdia é completo e não falta nada, o pai diz que o filho estava morto e viveu. O caminho da justiça leva à misericórdia.
 
O filho paga por seus gestos, como se estivesse ficado na cadeia (cuidar dos porcos e passar fome) e então é acolhido para recomeçar, agora sem mais ultrajar a justiça.
 
Jesus Cristo nos mostra ainda que “pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me acolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-me” (Mt 25,35-36).
 
 
 
 

CONVITE DA JUSTIÇA PARA A FESTA DA MISERICÓRDIA

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Campanha S.O.S. – Abrigo São Vicente de Paulo e Lar Bethel

 
Este é o ato verdadeiro da misericórdia:  acolher, alimentar, vestir, cuidar do doente, cuidar do presidiário, do imigrante, daquele que pede água e sacia a sede. Vemos que os ensinamentos de Cristo foram muito além do que Miquéias pensava e propunha para seu povo.
 
 
Cristo quer recomeçar, pelos caminhos da justiça chegar ao reino da misericórdia. O Messias realmente chegou e deu possibilidade de que a humanidade possa entender sua vinda e viver; apesar dos conflitos e das tempestades que os homens produzem negativamente.
 
 
No entanto, os demais acreditando em justiça e misericórdia para todos, poderão fazer com que o Reino de Deus seja o que ele entregou aos homens e não o que os homens estão fazendo. “Pois, onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles” (Mt 18,20).
 
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A Paróquia Nossa Senhora da Saúde abraçou a Campanha S.O.S Lar Bethel e São Vicente de Paulo. Sendo assim, apelamos aos corações caridosos que façam suas doações. Nossos velhinhos estão precisando de ajuda. Lembramos que as doações também podem ser entregues diretamente nas próprias instituições. Vamos abrir nosso coração e juntos praticarmos a caridade! 

 

 

Pe. Antônio S. Bogaz – Prof. João H. Hansen

autores de Misericórdia, o outro nome da Igreja, in Uma Igreja de Portas Abertas, Paulinas. 2016

PBJH

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